BRASIL, B_RICS E A PERDA DO PROTAGONISMO NA GEOPOLÍTICA DA SAÚDE

 

FOTO: GLOBO TERRESTRE. AUTOR: CUCUNACA, 2016.

Por: Mauro Bechman*


Em 2009 o Brasil passou a integrar uma espécie de "Clube Político" na esfera internacional. A sigla BRICS foi cunhada por Roopa Purushothaman e durante muito tempo atribuída ao economista Jim Oneill do Banco Goldem Sachs. A sigla tem as iniciais das nações que de acordo com a metodologia da pesquisa econômica corresponderia aos países emergentes, vulgarmente chamados de a "Classe Média do Mundo", estando entre eles Brasil, Rússia, China e South África (África do Sul).

Durante os governos de Coalisão de centro-esquerda no Brasil (2002-2016) o BRICS foi um grupo relativamente coeso em se apresentar como protagonista no cenário internacional.

Destacam-se algumas pautas conjuntas para a nova composição da Geopolítica no século XXI com os chamados "Diálogos Sul-Sul"o que possibilitou uma maior proximidade de agendas como a "Quebra das Patentes" para uma maior democratização da produção de remédios, visto que, a concentração estava junto aos laboratórios estadunidenses e europeus.

Neste acordo, foi possível que o Brasil liderasse com sucesso o programa de tratamento de pessoas com HIV/AIDS, produzindo e distribuindo via Sistema Único de Saúde (SUS) o chamado "Coquetel de Medicamentos". A ampliação e universalização do SUS com a criação das Farmácias Populares garantiram aos brasileiros uma importante fonte de acesso á saúde.

Embora, o Brasil viesse mantendo seu sadio protagonismo na geopolítica da saúde, em 2013 num dos episódios das "Jornadas de Junho" (protestos com temas difusos contra a realização da Copa de Futebol da FIFA) ocorreu a "Invasão do Instituto Royal" no dia 18.10.2013 com grupos ativistas de proteção dos animais, depois engrossada por militantes interessados no desgaste do governo federal. Sob, acusação de que haveriam supostos maus tratos aos animais em laboratório, os ativistas e populares depredaram os equipamentos do prédio do instituto, levando os animais em sua maior quantidade os cães da raça Beagles. Em novembro, após a perda de cerca de 10 anos de pesquisas para fármacos e outros medicamentos, o Instituto fechou as portas. 

Com isso, atualmente o Brasil paga direitos econômicos para a comercialização de medicamentos produzidos por laboratórios internacionais.

Com o Golpe jurídico-midiático-parlamentar de 2016 que gerou o impedimento da Presidenta eleita Dilma Roussef, a atuação do Brasil veio tendo uma mudança de direção.

De um país integrante dos BRICS que unia vozes para a quebra de patentes de vacinas e outras situações que visavam um maior equilibrio nas relações internacionais a um país que passou a ser conservador apenas se limitando a apoiar as diretrizes dos países hegemônicos.

Nesse sentido, com o cenário da Pandemia Global decorrente do vírus Sars Covid-19, dos países integrantes do Brics, o Brasil está como o mais desesperado pela obtenção das vacinas imunizantes e de seus insumos. A animosidade de integrantes do governo federal e de seus apoiadores contra a China e a ausência de uma Diplomacia mais estratégica e nacional no trato com a Rússia e a Índia endossam a tragédia que vivem os brasileiros, especialmente os do norte do país, sem tratamento e vacinas imunizantes para atender sua grande população.

Ao que parece, no Brasil há um espírito muito presente de se pensar e agir de forma subalterna no contexto das nações, e atuante no sentido de manter esta subalternidade com as desinformações que visam desacreditar a ciência e as vacinas.

Ao não defender posições a partir dos anseios e necessidades nacionais, a diplomacia e o Brasil se apequenam no mundo, sendo não a expressão de um "Gigante pela própria natureza" mas um anão diplomático ou um pária no concerto das nações.

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* Licenciado em Geografia e Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Centenária do Amazonas. UFAM.

2 comentários:

  1. Muito forte e preocupante isso, Mauro. Com certeza para a elite dominante, esse "gigante pela própria natureza" deve permanecer em coma e se apequenando cada vez mais.

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    1. Sim. E agora? O Gigante não despertará? Todas as questões devem ser postas. Agradecido e honrado por sua presença aqui. Saudações!

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