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| FOTO: PROF. ME. MAURO BECHMAN. AUTOR: CUCUNACA, 2021 |
Por: Mauro Bechman*
Desde o primeiro diagnóstico para Sars Covid-2 em Março de 2020 no Amazonas e posteriormente com o aumento exponencial dos casos de internação e perdas humanas, surgiram muitas expressões nas mídias corporativas e nas redes sociais privadas.
Foram muitas as referências, reportagens, matérias jornalísticas e claro milhares de frases de efeito com o propósito de enaltecer a luta dos "Heróis" da linha de frente no combate a Pandemia gerada pelo vírus Covid-19, chegando até a (des) humanização do ser.
No calor da tensão presente no setor de saúde, fora ofuscadas questões fundamentais, seja para o tratamento da enfermidade quanto para a proteção dos trabalhadores envolvidos no processo de cuidados dos enfermos.
Assim, muitos processos não foram referenciados de forma adequada gerando um esgotamento físico, mental e espiritual de todos os envolvidos. De modo que uma grande parte dos envolvidos entre médicos, pára-médicos e serviços de apoio sofreram de forma direta e indireta os efeitos da Pandemia.
Os contágios atingiram diretamente a Zona de Contato pelo número grande de pessoas que testaram positivo, sendo que muitas perderam a vida e outras de forma indireta adquiriram alguma forma de stress e traumas.
Em imagens midiáticas eram visíveis a diferença de tratamento dado pelas nações. Em países centrais, como a China, Japão, Itália, Alemanha, Coréia do Sul, Nova Zelândia, os equipamentos e os EPI's Equipamento de Proteção Individual assemelhavam-se a trajes de astronautas, enquanto no Brasil e especialmente no Amazonas, a precarização quase que total dos paramentos médico-hospitalares.
Neste sentido, poderia se refletir como muitos destes trabalhadores da saúde foram para a Zona de Contato nestas condições. Também, uma psicosfera presente sobre as atividades na área da saúde que midiaticamente os apresenta como "Heróis" seja dado pela ideologia do trabalho de recuperação da saúde, seja pela horas gastas em séries de tevês ou outros produtos da indústria cinematográfica.
Noutro ponto, na sociedade, a cada notificação de um caso seja numa família ou num grupo maior, logo se vinham os mantras motivacionais para os enfermos e seus familiares, na maior parte das vezes, induzindo a uma fuga da realidade, como se se estivessem numa competição e que basta uma "Palavra Motivacional" para haver a dita "Vitória sobre o Vírus" sem o entendimento real que para a superação da crise seria muito mais necessário que palavras ou vídeos motivacionais.
Cabe-nos aqui colocar que não se pode confundir com os gestos de apoio lúcido, confiante e confortante ao enfermo e seus queridos.
E, lamentavelmente muitas das iniciativas coaching ou mantras motivacionais, vinham de fontes que deveriam fortalecer a Ciência e as práticas éticas como a categoria de professores.
Alguns mestres mais esclarecidos e intelectualizados tiveram que enfrentar seus pares na compreensão desta crise, onde grupos negacionistas usavam desde mantras motivacionais no estilo coaching até a banalização da religião, infelizmente escondendo um debate sobre a Saúde Pública e o entendimento da Brasilidade.
Estas práticas muitas vezes, escondiam a realidade, seja culpando o Vírus pelo drama, seja empanando a ausência de uma Política de Saúde Pública.
Por isso, enquanto sociedade, precisamos a partir da realidade buscar soluções na razão, na ciência e no intelecto. Afinal, não se enfrenta uma crise, uma Sindemia apenas com frases de efeito.
A Ciência é um dos Sete Dons do Espírito Santo deixados aos Homens por alguém muito especial chamado Jesus.
Você tem dúvida?
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* Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Centenária do Amazonas. UFAM.

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