PLIM PLIM

 

FOTO/FOTO: LIVRO O QUARTO PODER. 2015.

Por: Mauro Bechman*

As eleições presidenciais de 2022 no Brasil marcam a volta do protagonismo do Grupo Globo. A partir da sua sempre e quase onipresença no poder político do Brasil desde a queda de Getúlio Vargas, onde o jornal O Globo conspirou abertamente contra o estadista e em certo momento teve a ira popular por ocasião do "suicidio" de Vargas.

Nascida do acordo Time Life/Globo, o sistema foi a voz e a cara da Ditadura Militar (1964-1985) que promovia sua própria visão de Brasil e que num surto, aventurou-se no ínicio da segunda década do século 21 a uma mea culpa, que não repara nem em pouco o mal feito á liberdade de expressão do Brasil.

As organizações globo com suas repetidoras tiveram que se repaginar nos últimos 20 anos.

Acusada de racismo e de ser cúmplice de regimes autoritários, o Grupo Globo teve seu poder de controle sobre a informação ameaçado, seja pelo crescimento de tevês de nichos protestantes neopentecostais que se aproveitam da crítica formulada por meios universitários, seja pela mudança intensa com o ingresso da internet nos lares brasileiros.

Daí seu apoio ao Golpe Mídiático Parlamentar que afastou a presidenta Dilma Roussef em 2015 e sendo condescendente com a ascensão da extrema direita.

No período de transição dos governos de coalização popular e conservador, o grupo passou a se atualizar, mudando a sua matriz de cores. A crítica pesada sobre sua programação, desde o moralismo neopentecostal aos movimentos identitários, fizeram o principal veículo do grupo, a televisão, a dar mais espaço de fala e presença aos grupos marginalizados na cena e nas produções midiáticas.

Por ocasião das eleições, este grupo sempre ingerente nos destinos do Brasil, como parte integrante de seu estabelishment, não conseguiu "produzir" um candidato a presidência do país, que agradasse ao eleitorado com o vácuo político criado com a expulsão das forças populares do poder do Estado

Num papel sem expressão, tentou emplacar o representante da justiça, após a negativa de seu apresentador de televisão Luciano Huck, restando ao grupo, promover a campanha de uma candidata pouco conhecida do cenário político nacional, Simone Tebet pelo Movimento Democrático Brasileiro (antigo PMDB).

Simone Tebet superou Ciro Gomes nas urnas, e a aposta do Grupo Midiático Globo, deu um enorme ânimo a classe dominante. 

Afinal, havia apresentado uma candidatura que ao mesmo tempo superava um político experiente como Ciro Gomes e sufocava as expressões dos grupos identitários mais próximos das demandas sociais.

Com isso, a polarização do processo eleitoral entre Lula e Bolsonaro, o percetual de Tebet é um ativo a ser disputado e em algumas situações poderá ser decisivo. 

Mesmo estando fora do segundo turno nas eleições brasileiras, o Grupo Globo, pode agora negociar com soberba seu apoio e a consequente volta ao poder, seja para impedir o seu desaparecimento ou para se vingar dos ovos que gestou.

Plim plim.

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*Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas. UFAM.

2 comentários:

  1. Muito boa análise, Mauro! Parabéns por tecer essa matéria com maestria. Abraços 🌍🌎🌏

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    1. Agradeço a leitura De. Erazo, seja sempre Benvindo neste espaço!

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