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FOTO: M.BECHMAN. AUTOR: CUCUNACA, 2022. |
Por: Mauro Bechman*
Após um certo tempo de leitura e de vivências vamos nos perguntando por quê algumas pessoas aderem tão facilmente a idéias, propostas e pessoas que muitas vezes são contrárias claramente até a existência destas mesmas pessoas que as apóiam ou defendem ardorosamente.
Vejamos o caso dos manauaras. Nos últimos 20 anos, a cidade dos manauaras tornou-se notícia mundial em três ocasiões, a primeira com escolha como subsede da Copa do Mundo de Futebol da FIFA, a segunda como lugar de uma Revolta no Sistema Prisional e a terceira durante a dura Pandemia do sars-cov 2 que vitimou mais de 14 mil amazonenses.
Neste último caso, o em que a Cidade ganhou os noticiários do mundo, com a dor, a ingerência de suas classes dominantes locais alinhadas ás nacionais, poucas instituições ergueram-se contra o que alguns cientistas sociais classificavam Manaus como um "laboratório".
Uma destas associações, foi a dos sindicatos de professores do Estado que numa luta praticamente solitária, ousaram denunciar a ameaça a vida de servidores e demais professores da educação.
Após o arrefecimento da Pandemia com a vacinação massiva do povo, após clamor popular e ações da oposição política na esfera federal, a vida social na cidade, gradualmente voltou a ser retomada e uma das categorias mais afetadas pela exposição ao vírus sars-cov 2, a dos professores, ainda encontramos pessoas que insistem em relativar a falta de sensibilidade, gestão da crise sanitária e dos danos causados pelas sequelas da Pandemia, algumas destas permanentes.
Gestões ineficientes, ausentes de empatia e até sarcásticas são ainda ignoradas pelos danos causados ao povo amazonense. O esforço gigante das classes dominantes nacionais e locais em "apagar" a história da crise sanitária com a exclusão da situação da saúde pública e da fome quase onipresente nos estudantes que tiveram que receber em domicilio a merenda escolar podem ter valido a pena.
A saída dos noticiários do tema ligado ao Sars Cov-2 e as projeções de vitória do campo conservador, nos fazem refletir sobre o efeito da ausência das ciências humanas e sociais paulatinamente banidas dos currículos desde 2007, sendo adaptadas a instrumentais genéricos e de aporte tecnicista, fraturando a formação humanística e societária.
É desanimador ver a cidade e o estado do Amazonas manter a continuidade de projetos anti-populares e anti-democráticos.
Também é surpreendente como jovens gestores e até pessoas letradas aderem a quaisquer idéias e projetos que claramente são contrários a segurança e ao bem da coletividade na qual estão inseridos e certamente serão os afetados como o foram durante os anos mais tirânicos da Pandemia.
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*Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas. UFAM.
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