FOTO: CARLOS SANTIAGO. ACERVO PESSOAL,2016. |
CENTRO- ESQUERDA NO AMAZONAS: O ERRO PERSISTE via Whatsapp
Por: Carlos Santiago*
Caciques da política do Amazonas anunciaram a união de partidos e lideranças denominada de centro-esquerda para disputar as eleições gerais de 2018. A estratégia é antiga e os caciques praticamente são os mesmos. Os resultados das eleições anteriores não são nada animadores.
Foi o cientista político italiano Noberto Bobbio (1994) quem melhor definiu o conceito de centro-esquerda numa conjuntura política pós queda do muro de Berlim e do fim do modelo soviético de sociedade, denominado de socialismo real.
Conceitualmente, a ideologia de centro-esquerda seria uma ação política eleitoral com a união de "doutrinas e movimentos simultaneamente igualitários e libertários, para os quais podemos empregar expressões como socialismo liberal, nela compreendendo todos partidos social-democratas, em que pese as diferentes práxis políticas".
Para Bobbio, a diferença entre partidos de centro-esquerda e de centro-direita está relacionado à desigualdade econômica e social. Enquanto a centro-esquerda entende que as desigualdades social e econômica são construções sociais passíveis, portanto, de superações; já a centro-direita acredita que a desigualdade é fenômeno natural,não sendo possível mudar o rumo natural da sociedade.
Mas, ambas têm algo em comum: a defesa do regime democrático. Diferente da extrema-direita e da extrema-esquerda que negam a democracia como conquista da sociedade.
Pois bem, as coligações de centro-esquerda no Amazonas aconteceram no decorrer das eleições e apresentam a seguinte configuração quanto ao comando hegemônico:Arthur Neto (1986); Wilson Alecrim (1990); Nonato Oliveira (1994); Eduardo Braga (1988); Alfredo Nascimento (2010); Eduardo Braga (2014). Todos os candidatos eram dissidentes temporais do grupo político que comanda o Estado desde 1982.
Agora, estão buscando lançar o ex-governador interino e atual presidente da Assembleia Legislativa, que tem se colocado como dissidente do atual grupo que manda no Estado há décadas, como candidato de centro-esquerda.
Então, fica uma pergunta: qual foi o avanço para a sociedade com a formação dessas coligações de centro-esquerda, além do fortalecimento do Arthur Neto, do Alfredo Nascimento, do Eduardo Braga e da manutenção das velhas e cansadas lideranças?
A eleição de uma senadora e de alguns poucos deputados pode ser a resposta, mas é muito pouco depois de décadas insistindo na mesma estratégia.
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* Sociólogo, advogado e autor da pesquisa "Reage Amazonas: ideologias e estratégias" Ufam (1988).
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