| FOTO: CAMAROTES DO TEATRO AMAZONAS. 2016. AUTOR: CUCUNACA, 2016. |
MANAUS 350 ANOS, MINHA CIDADE
(Minha Homenagem a Mãe dos Deuses)
Por: Mauro Jeusy Vieira Bechman*
MINHA CIDADE, Manaus completa 350 anos. Nasci nesta cidade, filho do amor de uma professora e de um marceneiro de Itaquatiara numa corrente migratória vinda do interior do estado gerada com o advento do modelo (tecnopólo) Zona Franca de Manaus.
Em Manaus, se sofre, se ama, se protesta, se sonha, se vive. Manaus e os manauaras e os que escolheram essa cidade para viver e ajudar a ela ser um pouco mais doce, aos que vem de "fora"para serem também como somos, um tijolo a mais na cidade dos Manaus.
Em Manaus se sofre, a vida não é fácil especialmente para os proletários e proletárias que dependem em suas rotinas do transporte coletivo e das ruas, frutos de sua precarização urbana. Em Manaus se sofre...
Em Manaus se ama, nela a vida é um eterno romance, no Teatro Amazonas, onde o jovem casal sela seu amor no beijo doce e apaixonado no camarote superior, nela se ama nas pichações dos muros do centro histórico, onde adolescentes declaram seu amor publicamente.
Em Manaus se ama, o sorriso dos caboclos de sorriso largo e as doces caboclas de tez morena com olhos de amêndoas. Se ama nas manhãs de domingo nos cafés dos mercados municipais e no silêncio das suas ruas centrais onde os "mais antigos" namoram a cidade e também a companhia dos anos de vida.
Em Manaus, se ama os sábados e os domingos em seus rituais quase ancestrais presentes na ida a Igreja, uma cidade cuja face mais ameríndia do Brasil, aprendeu a liturgia da selva para louvar a Deus também por intercessão de suas muitas Marias.
Em Manaus se ama também os curumins e as cunhantãs na sua alegria e infância eternas e na audição e bailado com suas músicas de beiradão e toadas dos bois que só em Manaus tem. Em Manaus se ama...
Em Manaus se protesta, e muito. Se protesta nas ruas, nas filas dos hospitais, nas praças, nas paradas e terminais de ônibus, nos muros, nas paralisações e nas greves de urbanitários, servidores públicos, indígenas, professores, estudantes, servidores terceirizados (precarizados e sem direitos trabalhistas), se protesta silenciosamente nos terminais, nas calçadas e nas ruas onde os ambulantes e o lumpemproletariado denunciam a sua marginalização do sistema.
A natureza em Manaus protesta em gritos de calor quente e chuvas cada vez mais torrenciais, a natureza protesta, pela morte dos igarapés de Manaus, da Ponte da Bolívia, do Passarinho, do banho do Tarumã e do Parque Dez que sua classe dominante permitiu que destruíssem. Em Manaus se protesta...
Em Manaus se sonha. Se sonha sozinho, mas também se sonha com alguém, às vezes juntos e quando juntos, os sonhos se tornam uma verdadeira e coletiva utopia. Em Manaus se sonha, para o estrangeiro, o recomeçar da vida, para o migrante, um novo começo, para o desesperado uma segunda chance.
Em Manaus se vive: Eu amo, protesto, sonho e vivo em Manaus.
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* Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia (UFAM). Professor de Geografia. Livre docente de Ensino Superior Graduação e Pós Graduação. Consultor Ambiental.
Parabéns! Muito boa narrativa. É preciso falar de Manaus bem, mas não se pode deixar de refletir de uma Manaus de contrantes, dos opostos ambientais, dos opostos sociais, dos opostos de investimentos públicos onde temos a Manaus dos Abastados e da Manaus dos segregados. Parabéns Manaus são 350 anos de tudo o que você Geógrafo Mauro narrou. Aplausos.
ResponderExcluirTop mestre
ResponderExcluirAgradecido querido Arquiteto e urbanista! Seja sempre benvindo! Saudações Socioambientais e manauaras!
ExcluirHonrado e agradecido pelo seu comentário querido. Que bom que não perdemos a lucidez sobre a vida e a cidade. Saudações Manauaras!
ResponderExcluirParabéns professor!!!
ResponderExcluirO senhor expressou bem a minha opinião junto a sua.
Aplausos para o mestre 👏
Agradecido e honrado nobre acadêmico. Brindemos à Lucidez! Saudações Manauaras!
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