AOS 13 ANOS

FOTO-MOSAICO: TELHA ARTE.
 AUTOR: CUCUNACA, 2020.

Por: Mauro Jeusy Vieira Bechman*

Aos 13 anos de idade estava cursando a sétima série do chamado 1º grau, hoje chamado Ensino Fundamental no colégio Farias Brito no Centro de Manaus.

Educação Artística era uma disciplina curricular e uma professora magrinha chamada Terezinha ministrava para a turma a disciplina.

Naquele tempo, alguns colegas achavam essa disciplina dispensável pois "não servia pra nada". Acontece que a professora Terezinha fez um trabalho magnífico, pediu para fazer desenhos até nos ensinar a produzir xilogravuras.

Mas, foi o Trabalho com telhas que mais gostei. O trabalho consistia em utilizar telhas de barro, passar duas ou três "mãos" de cal, usando massa durepox, com mãos massageando e dando forma desejada ao molde. E, antes de aplicar a telha, fazer o croqui do desenho a ser colocado. Após isso, grudar os moldes de massa de durepox sobre o desenho na telha. Para finalizar, a pintura com tintas e verniz vitral.

Eu fiz a concepção do desenho e o colega da época Élio Marcos Machado, cujo apelido era "Ventania" por ser bem franzino, fez as pinturas. O trabalho ficou muito bom e também o trabalho de outros colegas ficaram excelentes. Tanto ficaram bons que professora fez até uma exposição na biblioteca da escola.

Bem, a nossa telha, ficou muito bonita após a pintura do Élio. Após isso, acabei levando a telha pra minha casa onde coloquei na estante na sala de casa e a reação de quem via a telha era de espanto e sempre perguntavam: "Aqui mora um artista? Quem é o artista da casa?". Isso era comum, pois recebíamos visitas e estranhos na sala.

Num certo dia, a telha caiu e quebrou, com a trepidação do assoalho de madeira da casa. O ex marido da minha irmã que havia visto a telha e se encantado levou os pedaços para tentar recuperar. Desde daí nunca mais vi a telha.

Ao longo dos anos o desejo de refazer aquele trabalho me acompanhava e então decidi refazer reunindo os materiais. Não fiz com pressa e após cinco meses consegui finalizar o trabalho.

Nem de longe lembra o que foi quebrado em 1985, mas a alegria e a satisfação de ter materializado o desejo é sem igual e tamanho.

Creio que entre as muitas coisas que arte se presta, a arte se presta também a trazer a felicidade a nosso espírito. Além da sensação de ter "fechado" esta gestalt em minha vida.

Saudações artísticas!

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Peço perdão pela leviandade em chamar o que produzi de Arte. Não possuo credenciais para isso pensem apenas num exercício escolar.
*Professor de Geografia Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia. UFAM.

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