50 MAIS 2: "A DOCE VOLTA DO ANZOL"

 

FOTO: PROF.ME. M. BECHMAN.
AUTOR: CUCUNACA, 2021.

Por: Mauro Bechman*

Em alguns momentos de nossas carreiras profissionais, somos sempre chamados a sermos testados além de nossas competências profissionais. Além mêsmo.

Nos tempos de estudante universitário, vivemos diversas situações sejam positivas ou negativas. E este texto, vem mostrar como a vida é realmente surpreendente.

Tive magníficos professores e professoras na universidade, mas mesmo assim, não há como não gerar uma empatia ou antipatia de alguns.

Por volta de 1995 fiz  uma disciplina ligada a Indústria e o Urbano, o professor titular, excelente e didático passou a ser um pouco mais duro comigo, após eu questionar sobre o desenvolvimento econômico do Japão pós 2ª Guerra Mundial.

Como eu havia levantado uma situação sobre o tema, aí pronto! Afetou a vaidade do professor. Então, a partir daí, todas as vezes que ele dava aula pra turma, citava o meu nome e "insinuava" algo que me fragilizasse. 

E eu, também notei que minhas notas, não passariam mais de 8,0. Superei a disciplina e fiz outras duas com este mesmo professor, até para ser gentil e tentar uma aproximação.

Mas, foi uma tentativa vã. Ele sempre, a mim creditava uma empáfia que não tinha e eu me decepcionei com ele, pois creio que ele não me via com profissionalismo, mas como adversário ou algo parecido.

Uma outra situação, numa outra instituição de pesquisa, fui bolsista de iniciação científica, aprendiz de pesquisador. 

Tive duas orientadoras, a primeira viajava frequentemente por isso, eram mais curtos e intensos as orientações. A segunda, mais presente, conhecia menos de pesquisa que a primeira, talvez pela natureza da formação. 

Havia uma outra colega pesquisadora, e está segunda pesquisadora passou a ter uma simpatia com a minha colega e claro, uma menor comigo.

Chegou o momento em que era flagrante esse favoritismo e eu até imaginei que a segunda pesquisadora não acreditava muito no meu potencial e realmente não acreditaria que eu "desse pra alguma coisa" nessa área. (Risos!).

Mas, a vida segue. E os anos se passaram, a minha colega veio a falacer e eu já não tinha mais contato com ninguém da instituição. Soube através de uma técnica.

E, por volta de 2007 fui chamado a representar a instituição em que trabalhava numa Sessão dedicada ao Meio Ambiente na Assembleia Legislativa do Estado.

Chegando ao cerimonial, fui apresentado na anti sala e para minha surpresa fui chamado para compor a mesa da sessão especial dedicada ao Dia Mundial do Meio Ambiente.

Eu a mesa, e na primeira fila dos assentos destinados ao público, estavam nada mais na menos, que os dois, o ex-professor e a ex-orientadora. Uma amável ironia do destino, ao menos para mim.

Após o encerramento da cerimônia, os dois vieram aos cumprimentos e ao me cumprimentar, o ex-professor disse: "Que bom hein. Você está bem.". E eu educadamente agradeci. Então, a ex-orientadora, com sorriso plastificado e admirado, completou: "Poxa, que bom que você está Bem hein?. Parabéns".

Em Manaus, os antigos, falam na "Volta do Anzol" quando o destino nos dá a chance de mostrar a quem nos desdenhou o quanto foram infelizes em suas opiniões e seus julgamentos balizados apenas por suas vaidades pessoais.

E, sobre este episódio, chegamos ao ponto final. Eles seguem felizes e eu mais ainda pelo que construi e sou até hoje.

Foi a minha "Volta do Anzol".


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*Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas UFAM.

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