50 MAIS 12: "CADA GRUPO TEM SUA GÍRIA POR ISSO ATENÇÃO AO FALAR"

FOTO: PROF. ME. MAURO BECHMAN. AUTOR: CUCUNACA, 2020.

Por: Mauro Bechman*

Certa vez, lá por 1993, fui apresentar um trabalho de iniciação científica no auditório Rio Solimões no antigo Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL). 

Na platéia, professores, pesquisadores, estudantes e outros interessados. E, claro, uma banca examinadora com mestres e doutores. Numa das bancas estava o Prof. Dr. José Aldemir de Oliveira (falecido), um dos medalhões em Geografia na UFAM. Não dá ora disfarçar o nervosismo, afinal é uma avaliação pública de iniciação científica. 

Então, começo a apresentação do tema, seguindo os protocolos e a metodologias proposta para a apresentação. 

Naquela altura, o nervosismo foi aumentando e da metade da apresentação até o final, na tentativa de dar um "ar mais leve" a apresentação, comecei a expor os resultados com um linguajar popular longe da linguagem acadêmica.

Foi um festival de gírias tipo: "o legal desse dado...(...) a gente sabe que o bicho pega quando..." (risos) e outraa besteiras nesse gênero.. e finalizei com: "e era isso que eu tinha pra falar mano. " Sentei à mesa, à espera das perguntas e considerações...e dois professores da banca não quiseram se manifestar.

Apenas o professor Ademir levantou pars fazsr a s considerações. Pegou uma cópia do projeto, e fez considerações metodológicas e depois baixou o texto e cravou: Vixe fez tudo certo, mas só não dá pra entender as coisas falando na gíria, afinal a universidade não comporta isso. 

Não é adequado falar com este linguajar para um público acadêmico. Toma! Baixei a cabeça, reuni meus papéis e desci da apresentação, aliviado por ter passado...e também por ter aprendido que na academia não se fala de qualquer jeito, pois cada grupo ou ambiente possui sua gíria e sua liturgia, desse modo, ali não era lugar para este linguajar.

Depois, com o aumento da vivência no ambiente acadêmico, fomos lapidando a língua e claro, melhorando nossas apresentações. Até que em 1996 chegamos ao prêmio de menção honrosa pelo comitê do CNPq mas, isso é uma outra história. 

Valeu Manos?

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*Mestre em Sociedade e Cultura pela universidade Federal do Amazonas UFAM.

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