FOTO: PROF. ME. MAURO BECHMAN. AUTOR: CUCUNACA, 2021. |
Por: MAURO BECHMAN*
Ao longo de uma vida profissional, você pode experimentar muitas emoções e situações que marcam para sempre nossas vidas.
De 2004 a 2011 trabalhei numa empresa de educação privada, um centro universitário, que a época era considerado o melhor do norte do país.
Fui de professor horista a coordenador de curso, aliás um curso pequeno em quantidade, mas enorme por seus resultados. Foram seus conceitos nas avaliações do MEC que sustentavam o conceito da instituição como um todo.
Na condição de gestor, e como ingressei nessa posição, de forma traumática num processo que daria um livro (!) não possuía muitos colegas, amigos ou padrinhos nos níveis hierárquicos, seja no mesmo ou em níveis superiores. Também não era amigo do rei.
Assim, só me restava mesmo, contar com o meu trabalho e a fidelidade da equipe, que diga-se de passagem era sim, uma equipe de excelência.
A cada avaliação institucional, o conceito do curso figurava sempre entre os três melhores, mudando ou não, os critérios da avaliação ou sua metodologia.
E, muitas vezes, quando os resultados eram apresentados ao colegiado, lá estava o Curso, entre os melhores. E, eu, como dizem meus conterrâneos: "todo besta". (Risos).
Certa vez, fui dar os parabéns pela passagem do aniversário da reitora da instituição, que na simpatia que lhe era peculiar me permitiu a troca de um abraço de parabéns.
E, foi nesta fração de segundos, que a aniversariante do dia, me confidenciou ao pé do ouvido: "Aqui, muitos não reconhecem o seu trabalho, mas eu reconheço. Saiba disso.". Nossa!
Acabei de ganhar o dia com este reconhecimento da mais alta autoridade acadêmica. Voltei para a unidade onde trabalhava com muita alegria e satisfação, pois, em meio a ambientes corporativos e competitivos, um sussurro deste é realmente uma premiação.
Em Janeiro de 2011 deixei a gestão, com a conquista de conceitos excelentes e a gestão de dois cursos de graduação com projetos de sucesso materializados e conceitos reconhecidos.
Quando, os funcionários que serviam a nós souberam do afastamento, ficaram sem compreender por qual razão seria, assim também eu. Mas, claro sabia também que não era o "dono do time".
Ao sair do departamento, no pórtico central do prédio, um senhor que atendia as emergências no prédio, como reparos e serviços gerais, se aproximou de mim de forma cabisbaixa e me cumprimentou com aperto de mãos dizendo: "O senhor é um grande profissional... a instituição está perdendo um grande profissional". E, com o semblante de tristeza foi se afastando até desaparecer no corredor. Nossa!
Logo após isso, fiquei sem palavras e voltei a sala de chefia, com um enorme sentimento de dever cumprido, de que fiz a coisa certa e o reconhecimento de gratidão daquele humilde funcionário foi a prova disso.
Ali encerrei meu ciclo. Em dois momentos diferentes, o reconhecimento do meu trabalho e de sua excelência vindo das pessoas mais improváveis da instituição e na mais sincera discrição, do mais alto funcionário ao mais simples colaborador.
Segui meu caminho feliz.
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*Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas UFAM.
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