50 MAIS 19: "O PRIMEIRO EMPREGO E AS PRIMEIRAS TRAPALHADAS"

FOTO: M.BECHMAN.
 AUTOR: CUCUNACA, 2021.

Por: MAURO BECHMAN*

Em 1987, encarei o chamado "Primeiro emprego". (Ops!) Naquele tempo nem se sonhava com este formato de ingresso no mercado de trabalho para jovens.

Era Bolsista de Trabalho, um programa que a antiga Escola Técnicos Federal do Amazonas ETFAM mantinha para sustentar estudantes pobres da própria instituição e alguns de outras escolas públicas da capital. Fui indicado pelo meu irmão de fé e colega de Joud, Wallace Reis. 

O trabalho era de 20h com direito a bater ponto em relógio e tudo. Só a bolsa que era pequeninha e demorava sair, uns três a quatro meses, por aí. (Aff!). Como estava cursando o Ensino Médio no curso de Assistente de Administração de Empresas no Colégio Farias Brito, estava tudo certo e também sei que seria uma boa oportunidade para conhecer uma rotina de trabalho.

A rotina era entregar, protocolar correspondências de setor para setor dentro da própria escola. Eu, estava alocado no Departamento de Ensino (responsável pela coordenação das atividades de ensino). Ali eram tratadas algumas situações de indisciplina, materiais para professores etc.

Certo dia, uma funcionária, pediu a meu chefe, a gentileza de me ceder para que fosse a drogaria comprar um medicamento. Meu chefe permitiu sem problemas. Então, a funcionária me deu a receita, o dinheiro e as orientações para a compra do medicamento, dizendo que eram em pílulas.

Eu, novato e novinho, fui a Drogaria na quadra posterior a escola. Então, fui a balconista e entreguei a receita e, após uma leitura um pouco demorada, observei que ela teve dificuldade de ler o receituário, talvez devido a caligrafia do médico. Então, prontamente falei para a balconista de forma séria: "É em pastilha!".

A balconista levantou a cabeça, sorrindo sarcasticamente e me respondeu: "Onde já se viu, anticoncepcional em pastilha" e ficou rindo até eu pegar o produto e ir ao caixa e desaparecer de seu campo de visão.

Chegando no setor, contei a funcionária, dizendo pra ela que havia dito pra balconista que era em pastilha. A funcionária riu e riu e disse: "Tudo bem meu filho, era em pílulas....obrigado por fazer esse favor". E baixou a cabeça sorrindo. Na minha inocência, não sabia o que se tratava do medicamento, por isso, só fui entender depois que a funcionária, riu da situação.

Nossa. Tentei fazer o melhor, mas nem sempre a gente consegue. (Risos).

Creio que a funcionária já deve ter se aposentado e o meu ex-chefe ainda continua por lá, pelo menos até 2015, poia foi a última vez que o vi. Espero que estejam bem.

Se você estiver com começando uma vida profissional, a partir do estágio ou de algum programa de bolsas de trabalho e para evitar tretas como esta. Não esqueça: Anote!

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*Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas UFAM.

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