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| FOTO-MONTAGEM: MAPAS ESCOLARES. AUTOR: CUCUNACA, 2022. |
Por: Prof. Mauro Bechman*
Já é lugar comum, atribuir a importância da cartografia a necessidade de conhecimento do mundo e da conquista militar na disputa pela hegemonia entre potências regionais ou mundiais.
Nestas poucas linhas socializaremos algumas experiências recentes sobre a cartografia e sua relação com o imaginário de estudantes secundaristas.
Numa atividade pedida como forma de Complemento de Nota avaliativa para jovens alunos secundaristas de uma escola pública na zona norte de Manaus, algumas considerações podem ser tecidas.
Foi pedido junto aos alunos e alunas, um Mapa Geográfico e Geopolítico das duas Alianças Militares que existiam pós 2ª Guerra Mundial (1939-1945), a Organização do Tratado Atlântico Norte (OTAN) e o Pacto de Varsóvia e sua atual configuração.
Ao avaliarmos a parte técnica da confecção dos mapas, reconhece-se a limitação do traço de jovens secundaristas. Porém, um aspecto chama a atenção.
Na representação cartografica da Rússia feita pelos alunos, há uma notável redução do tamanho da área pertencente ao Estado Nacional da Rússia, especialmente quando da atualização do mapa pedido.
Na direção contrária, temos o super dimensionamento da área territorial da Ucrânia no instante de atualização do cartograma.
A despeito das distorções geográficas sempre muito presentes na História da Cartografia, não se pode deixar passar desapercebido, o cenário atual que permeia a visão e a mente dos jovens que testemunham um conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia cujo principal motivo orbita sobre o avanço da OTAN sobre os países fronteiriços da Rússia.
Então, este evento, diuturnamente presente nos noticiários diversos, tem passado a fazer parte do cotidiano até aqui, das pessoas.
Neste sentido, seguramente a retina dos jovens tem retido esta cartografia geopolítica atual e por consequência, enfatiza os dois estados nacionais conflitantes.
Na perspectiva psicossocial, especialmente pela representação do conflito a partir da ótica ocidental e sua poderosa mídia corporativa, a representação do território ucraniano e a opção por um dos lados do conflito, findam por influenciar no desenho dos trabalhos feitos pelos alunos e alunas secundaristas.
Na mesa de desenho, as distorções cartográficas, vão além do amadorismo do traço dos jovens, para revelar a perturbadora influência da mídia corporativa no uso da Cartografia como elemento que ilustra a notícia e as narrativas derivadas do fato político e jornalístico.
Diante dos mapas produzidos pelos secundaristas, os traços podem esconder o discreto desejo da vitória de um dos lados no campo militar que não corresponde aos dados e fatos do teatro de operações.
Quanto a nota para os alunos? O professor de Geografia saberá certamente adotar a medida adequada a cada desempenho, no esforço e na qualidade de cada um dos produtos gerados.
Anote.
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*Mestre em Sociedade e Cultura pela Universidade Federal do Amazonas UFAM.

Interessante análise, Mauro.
ResponderExcluirMuito agradecido pela leitura querido. Seja sempre benvindo! Saudações amazônicas!
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