SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO DE CRISTO: SOBRE CRENÇAS E PRECEITOS.


FOTO: PEQUENA ROSA.
 AUTOR: CUCUNACA, 2025.

Por: Mauro Bechman*

É sexta-feira da Paixão de Jesus Cristo. Em Manaus geralmente a data acontece na transição da estação climática mais chuvosa para a menos chuvosa. 

O tempo atmosférico fica sempre alternando entre nublado, chuvas curtas e sol quente. Na tradição católica, o horário das 12h é um horário sagrado e está associado á Liturgia das horas. No Tempo Comum é o Ângelus, quando o anjo Gabriel anuncia a Maria que ela conceberá um filho. 

Na sexta-feira da Paixão, às 12h ou o Meio-dia é o momento da crucificação de Jesus e que o silêncio e a reclusão devem ser cumpridos como preceito de respeito e fé. 

O céu parcialmente nublado e o sol sem seu brilho intenso parecem comunicar que está sexta-feira é diferente das outras. Na minha casa, reina o silêncio e no restante da vizinhança também, mesmo entre os que não professam a fé católica. 

Silêncio este que será apenas rompido às 15h quando teremos que ir a Igreja prestar reverência a Cruz de Cristo, sinal dia cristãos e cristãs. Às vezes lembramos de algumas situações ao longo destes anos de algumas sextas-feiras da paixão. 

Da infância, o não chamar palavrões, fazer bagunças, falar alto, limpar a casa apenas depois das 3h da tarde e claro comer peixe como forma de jejum de carne.

Certa sexta-feira da Paixão, ainda jovem, passei a questionar alguns destes comportamentos e decidi ao meio dia sair de casa.

No quintal de casa, meu pai tinha uma oficina de marcenaria que ele mesmo havia construído. Naquela certeza cética que nada me aconteceria e que todas as restrições eram apenas crenças plantadas em minha mente, fui ao quintal até a oficina e ao pisar no assoalho de madeira. 

De repente, a tábua em que pisei estava solta e afundei no chão de terra e a outra metade da tábua bateu em meu pescoço me causando arranhões. Levantei assustado e voltei para casa com o pescoço arranhado. 

A moral da história é que se devemos respeitar as crenças dos outros devemos respeitar mais ainda as nossas. A partir daquela sexta-feira da Paixão e isso já faz mais de três décadas, então aprendi a respeitar mais nossos preceitos e nossa fé, afinal nem tudo pode ser banalizado, especialmente, nossa esperança de fé em Cristo.

"Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão"


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*Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade federal do Amazonas UFAM (1909).

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