DA FALSA INOCÊNCIA ÁS PEQUENAS DITADORAS

 

FOTO: M. BECHMAN.
 AUTOR: CUCUNACA, 2025

Por: Mauro Bechman*

Ao longo de uma vida, encontramos pessoas com as mais diversas origens e posturas. A vida corporativa e pessoal possuem algo importante que as une.

Alguns comportamentos se repetem como padrões. Dessa forma, algumas pessoas conseguem manifestar estes padrões em quaisquer lugares e até situações.

Certa vez, trabalhando numa empresa em Manaus, participamos de um grupo de trabalho onde a diversidade era o tom. Assim, algumas pessoas são mais centradas, outras mais dispersas, enfim uma diversidade.

Numa das reuniões, uma colega em específico, sempre muito simpática e calada, aquele que sempre achamos ser o docinho de côco ou a inocência doce em pessoa, fez sua proposição à pauta de reunião. 

Houve algumas contra argumentações por parte de alguns outros colegas, algumas mais discretas e outras mais arvoradas. A proposta original carecia de lógica e isso era até notório, porém para quem propusera, era a proposta perfeita, imutável.

E os argumentos se suscediam e a posição de quem fez a proposta não se alterava em nenhum milímetro. E, eis que surge um impasse e a temperatura aumenta na sala de reuniões. Surgem as primeiras discussões e as acusações começam. "Você é autoritário, grosso, estúpido!" Disse a propositora do projeto, diante da crítica a sua proposta. 

De outro lado, alguém fala: "Sua proposta precisa ser revista" , mas a pessoa propositora, levanta da mesa e sai dando as costas aos demais da reunião, se recusando a falar com os seus pares. E a reunião é suspensa.

Noutro dia, com os ânimos mais tranquilos, os colegas que fizeram as justas considerações sobre o projeto apresentado, foram distender a tensão da reunião passada. 

Entretanto, a pessoa propositora, falou calmamente que não havia ofendido ninguém e que nem desrespeitou ninguém na reunião acrescentando que algumas pessoas ali eram autoritárias pois queriam apenas impor suas críticas. 

Os colegas, ao ouvirem isso, silenciaram e encerram a conversa com um "tudo certo", está tudo certo e saíram da sala.

Embora seja um pouco estranho, mas a lição que tiramos dessa experiência é que algumas pessoas "docinhos de côco " podem se converter em falsos inocentes e autoritários dignos de ditaduras em que não mudam suas palavras e posições não importam as críticas ou outras contribuições.

Alguns docinhos de côco são na verdade irredutíveis, capazes de forjar e impor suas visões de mundo, mesmo que o mundo não concorde.

Por isso, nem sempre pessoas que aparentam ser dóceis e simples, são pessoas empáticas ou democráticas. Daí a atenção no trato com as relações humanas seja na vida corporativa ou na vida pessoal pois estamos sempre sujeitos a estas circunstâncias da vida. E, lembrar, que claro, o contrário de Democracia é...


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*Mestre em Sociedade e Cultura pela Universidade federal do Amazonas UFAM.

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