| FOTO: ANÚNCIO DA COPA EM MANAUS 2014. AUTOR: CUCUNACA, 2015 |
Nesta postagem, farei uma breve análise do processo de crescimento do Futebol enquanto atividade e código da Globalização do capitalismo e o seu papel cada vez mais presente nas relações internacionais.
A GEOPOLITICA DAS COPAS DO MUNDO
Desde a primeira copa do Mundo, realizada em 1930 temos a ascensão do futebol a status de esporte independente, ou seja, não era ainda um esporte olímpico e aos poucos não dependeria deste evento para sua sobrevivência.
Destacaria algumas destas realizações importantes que vem determinando o posicionamento das nações no âmbito deste esporte a partir dos resultados de algumas copas.
Em 1966, na Inglaterra, a polêmica gerada na conquista inglesa sobre os alemãs com um gol que efetivamente foi considerado legal, embora efetivamente tenha a bola ficado exatamente no meio da linha, dando a conquista ao English Team sobre os alemãs de sua única copa até hoje, seria de se espantar se o árbitro do jogo anulasse o gol e aceitasse receber toda a pressão de um estádio lotado, numa final de copa do mundo e na casa dos anfitriões, os inventores do futebol.
Na Copa de 1970, no México, o Brasil com uma equipe experiente, mas sob um regime ditatorial imposto pelas elites socioeconômicas nacionais, usaram e abusaram da conquista para validar o sentimento de patriotismo e empanar as expressões discordantes do regime. Da mesma forma que para o Peru, este sentimento fora estimulado ante a um terrível terremoto que sacudiu o país á época e acabou por influenciar no desempenho do time na competição, pois os jogadores foram exaltados a jogar para melhorar a auto-estima do país.
O cristianismo católico presente na copa também serviu como uma forma de protesto para países do leste europeu que viviam sob regimes autoritários socialistas impostos pela ex-União Soviética. O sinal da Cruz cristã feita após um gol por jogadores destes países se revelavam como afirmação da fé e da liberdade religiosa ante regimes políticos declaradamente ateus e agnósticos.
Na copa de 1974 na Alemanha Ocidental, em plena guerra fria entre os Mundos Capitalista e Socialista, a vitória alemã sob o "carroussel holandês" reafirmou para a parte ocidental do país dividido a partir da Segunda Guerra Mundial (1939-1945)o senso de superioridade do regime capitalista sobre o socialismo da Alemanha Oriental.
Em 1978, a Copa da Argentina, o regime ditatorial, apresentou ao mundo estádios precários e a paixão argentina pelo seu país num nacionalismo que tal qual o Brasil fez em 1970, empanava a a repressão aos movimentos sociais. Da mesma forma que a eliminação precoce do Brasil (sem uma derrota!)perante uma vitória dos argentinos sobre os peruanos, numa goleada - hoje denunciada como armação, embasaram o cenário do futebol a serviço da política dos países.
Desde a Copa de 1974, a FIFA vem consolidando-se enquanto um poder no plano das instituições globais, o volume de capital envolvido neste evento chamado "Copa do Mundo de Futebol" e a articulação política da FIFA com os países gerou um agrupamento de nações que mesmo não pertencendo ao quadro de membros das Nações Unidas (ONU) pertencem ao quadro da FIFA. Isto se reflete num poder cada vez mais feroz de mudança sobre governos, regimes políticos, países e regiões. As transnacionais são parceiras importantes desta organização que vem definindo rumos e arbitrando situações extra-campo. A Copa do Mundo de Futebol envolve, milhões de pessoas e negócios que sem e ou com o consentimento da FIFA podem operar verdadeiras transformaçãos nas sedes e subsedes deste evento a ponto de verificar se de fato, os governos locais dos países têm soberania sobre as suas ações sobre o espaço.
Outras situações de relação entre o futebol e a geopolitica aparece bem, claramente na Copa da Alemanha re-unificada após a queda do Muro de Berlim (1989), a necessidade de união do povo alemão, em meio a uma reunificação sob o capitalismo, gerava desconfiança por parte dos alemãs orientais que não conseguiam espaço de trabalho na antiga Alemanha Ocidental, a vitória alemã em 1990 serviu como uma ducha de água fria nos questionamentos sobre o difícil processo de reunificação alemã pós-guerra fria.
Em 1994, o Brasil após quase 30 anos sem a conquista de um campeonato mundial, aposta num futebol de resultados. Realizada nos Estados Unidos, a Copa do Mundo de Futebol, serviria para ampliar a Geografia Politica da FIFA e demarcar territórios no país líder do capitalismo mundial. Para o Brasil, com a implantação de um plano econômico de estabilização da moeda e a grande suspeição popular sobre estes planos e a perda num acidente automobilístico do piloto de Fórmula 1 Airton Sena da Silva, encerrava um cenário de apatia e insegurança por parte dos brasileiros. O Brasil venceu com um futebol burocrático de resultados e melhorou a auto-estima popular com relação a aceitação de planos econômicos de princípios neoliberais.
Em 1998, a vitória francesa sobre o Brasil na final, ainda hoje é confusa á medida que os brasileiros entraram em campo sob pressão e não renderam o esperado. Falava-se á epoca que a pressão viria das empresas transnacionais que patrocinavam o evento, mas ainda nada ficou plenamente esclarecido.
A crise econômica mundial de 2002 fora o cenário para a conquista brasileira de mais uma copa do mundo. A economia brasileira seriamente afetada pela avaliação em queda dos investidores capitalistas no país, moldavam um cenário de queda na atividade econômica e consequente recessão. A conquista do quinto título brasileiro melhorou a auto-estima dos brasileiros e serviu como toalha quente para a ebulição de um crise econômica aos moldes da década de 1980 com os fracassados planos econômicos.
A Copa da África do Sul representa uma tentativa da FIFA em ampliar o mercado consumidor deste produto chamado Futebol, tentado superar as adversidades impostas por um cenário de esquecimento do continente africano pelos países de capitalismo central e a apresentação do futebol como linguagem global voltada ao consumo e ás relações internacionais. Espero apenas como apaixonado por futebol que sou, que não esqueçam nunca o verdadeiro centro deste esporte deve ser a bola e os atletas.
Saudações Amazônicas!
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