Foto: O Gato Preto. Autor: Geóg. M. Bechman, 2011.
Dia 31 de outubro existe uma tradição celta de que todos os mortos ressurgem e passam a fazer uma grande festa no mundo dos vivos. Não fosse apenas uma tradição galesa que passou a fazer parte da cultura anglo-saxônica, tornou-se em dias atuais um ícone a mais na indústria da cultura e que vem chegando ao Brasil lentamente como manifestação de uma aculturação global. Também não fosse, estarmos assentados num país exatamente geográfico, onde as tradições emanam da sociabilidade das pessoas com suas crenças, religiosidadade e imaginação e das suas raízes culturais ficandas nas lendas ocidentais e nos mitos presentes no imaginário popular tão ricamente construídos pelos antepassados e tão ferozmente combatido e repelido como formas atrasadas de "tempos pretéritos" ou tido como coisa do passado e de um país ainda não urbano, ainda atrelado ás crendices populares.
Foto: O Gato Preto da Vila Dona Marciana. Autor: Geóg. M. Bechman, 2011
Em verdade, fico efetivamente preocupado com esta "importação de mitos e eventos" e, ainda mais, pelo estímulo dado em escolas públicas e privadas - uma vez que o Brasil em sua extensão geográfica magnífica abriga culturas que efetivamente vão sendo legadas a segundo plano na agenda cultural da sociedade brasileira. É de fato, admirável que a Amazônia com seu rico acervo de lendas, mitos, estórias e enredos possa sucumbir a uma ação promovida pela expansão de uma "cultura global" e, consequente descaracterização cultural do país.
É muito dificil encontrar um manauara que não tenha um estória para contar sobre visagens, pois em outros momentos, em que ainda os "antigos" podiam colocar suas cadeiras de embalo nas calçadas das ruas em Manaus e nas suas varandas, esta rica cultura oral assumia o papel pedagógico de educar as futuras gerações para os "medos" e o "inexplicável" presentes na vida humana. Da disciplina para se recolher ou dormir ao gerar uma crença de que haveria um "caminho de comunicação entre os mundos dos mortos e dos vivos", as estórias de visagens e os mitos foram contribuindo para a formação da cultura e da memória popular.
Foto: Noite na estrada do Novo Aleixo. Autor: Geóg. M. Bechman, 2011.
Objetivamente, nossas elites econômicas e intelectuais, esqueceram-se do Saci, da Iara, da Mula-sem-cabeça, do Negrinho do pastoreio, da Cobra-grande, do Curupira, do Matinta-perera e das Visagens tão populares entre os amazonenses e amazônicos. Neste dia, parece que o Halloween industrializado, abriu as portas do salão de festas e deixou de fora os fantásticos produtos da cultura brasileira, os seus mitos e suas visagens, mas que estarão sempre presentes na memória e na oralidade da cultura popular, celebrando na "Noite Escura, num grande Dabacuri, a Noite das Visagens".
Longa vida aos Mitos e á Cultura Popular Brasileira e Amazônica!!!!
1 Comentários
Verdade, meu querido. Brasil a fora, os mitos tupiniquins são isolados e esquecidos, em benefício de culturas virtuais impostas pela mídia louça e pobre desse país.
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