Foto: Ponte sobre o Rio Negro, integrando Manaus ao município de Iranduba.
Agosto de 2010. Autor: Geóg. M. Bechman, 2010.
Realmente uma obra esplêndida e necessária que poderá promover a integração territorial da chamada "Região Metropolitana de Manaus", apenas criada burocraticamente e não efetivada geograficamente. Uma obra desta magnitude, revela aspectos assertivos e contraditórios, visto que, em alguns casos a economia do municipio de Iranduba será beneficiada com a velocidade de acesso ao mercado consumidor manauara, seja na produção do setor primário, seja na indústria da construção civil. Por conseguinte, uma classe média e alta absenteísta, também será beneficada com mais uma "rota de fuga" do caos urbano de Manaus durante os feriados prolongados e o recesso de férias escolares e profissionais.
Foto: Vista parcial das obras da Ponte sobre o Rio Negro.
Autor: Geóg. M. Bechman, 2010.
As antigas estruturas de transporte entre Iranduba e Manaus, terão um alívio momentâneo devido a forte pressão de passageiros e cargas sobre a navegação nas balsas e nos táxis fluviais e também deverão ser repensadas. As mairores dificuldades estão residindo no planejamento regional e na expansão do fenômeno urbano para o municipio de Iranduba. Do ponto de vista do planejamento regional, haverá em poucos anos uma pressão sobre as atividades instaladas na margem esquerda do Rio Negro, desde núcleos de ocupação urbana a estaleiros chegando até a instalações militares. Há espaço para um cenário possível de migração destas atividades, em função do valor paisagístico e da beleza cênica desta margem para fins de turismo.
Foto: Vista panorâmica da orla do Rio Negro. Á montante, a densa ocupação urbana da Zona Oeste
(bairros da Compensa e São Raimundo) e á jusante estaleiros navais. Autor: Geóg. M. Bechman, 2010.
Na outra margem, os impactos urbanos e ambientais já tiveram seu inicio logo após o anúncio da construção da ponte do Rio Negro. A vila do Cacau Pirêra recebeu um contigente populacional hávido por moradia e a espera da explosão dos negócios e oportunidades, perfanzendo um cenário clássico de favelização sem infra-estrutura urbana adequada e avançando sobre as áreas verdes. Da mesma forma, os loteamentos clandestinos e regularizados parecem participar ativamente do processo de parcelamento do espaço geográfico nesta hinterlândia manauara.
Foto: Retirada de resíduos sólidos do leito do Rio Negro com o uso de draga e balsa.
Autor: Geóg. M. Bechman, 2010.
Os custos ambientais, ainda que presumíveis, se configuram como falso espelho da impactação sobre o modo de vida do município e sobre o meio ambiente, incluindo aí, o próprio Rio Negro. No entanto, no atual estágio de desenvolvimento das capacidades intelectuais e científicas do homem, é possível pensar num projeto de desenvolvimento sustentável (diria até que suportável) para enfrentar estes desafios novos para a nova configuração da geografia destes espaços. Mesmo setores clássicos da economia irandubense como as olarias estão repensando seus processos produtivos e agregando um peso cada mais significativo da vertente ambiental e isso é bom.
Resta saber, se seremos capazes de empreender este projeto com inteligência e ética, isto também serve para os gestores públicos acostumados a uma visão de cidade dos anos 1940 do século passado, cuja cidade era patrimônio privado de elites populistas e tecnicamente mal assessoradas. Neste sentido, a Ponte sobre o Rio Negro, representa como bem nos fala o ilustre e saudoso geógrafo Milton Santos, verdadeiras próteses no espaço geográfico, que estendem o alcance das pernas dos homens e mulheres, num movimento de conquista territorial e integração das gentes.
Saudações Amazonenses!
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