Foto: Hospital Santa Casa de Misericórdia. Manaus. Autor: Geóg. M. Bechman, 2012 |
Um dos temas clássicos na luta pela cidadania, é sem dúvida, o que está relacionado aos serviços de atendimento médico-hospitalar nas cidades. Sob este aspecto, o papel clássico da Cidade, como espaço da civilidade e da democracia, ganha vigor no debate para democratizar e possibilitar o tratamento da saúde dos cidadãos e da acessibilidade á vida.
A montagem de uma infraestrutua médico-hospitalar torna-se uma necessidade primeira para as cidades, pois neste lugares, estão concentradas as massas laboriosas e a elite socioeconômica. Uma discussão quase infindável sobre a natureza dos serviços de saúde que devam ser prestados á população, se público ou privado parece ainda permear as decisões políticas sobre a saúde.
Foto: Fachada da Santa Casa de Misericórdia. Centro. Autor: Geóg. M. Bechman, 2012. |
É evidente que a partir da década de 1990 com o ingresso das políticas neoliberais, que detonaram uma onda de privatização dos serviços de saúde, a partir dos planos de saúde privados, o Estado parece ceder a esta nova perspectiva para justificar a sua pseudo incapacidade de verter recursos para uma saúde pública de qualidade.
O abandono dos investimentos na dotação de uma infra-estrutura médico-hospitalar, desnorteou as ações dos movimentos sociais vinculados a área de saúde, gerando ações politiqueiras na gestão da saúde pública, que viessem a ludibriar a percepção dos cidadãos. Ações que visavam claramente encolher investimentos na área da saúde ganharam formas as mais variadas, inspiradas contraditoriamente em ações anticapitalistas, como os "médico-da-família", cujo fim irremediável era o de evitar vultosos investimentos financeiros e atender de forma apenas sintomática as necessidades de saúde da população mais oprimida e conter a demanda por hospitais.
Foto: Capela anexa a Sta. Casa de Misericórdia. Manaus. Autor: Geóg. M. Bechman, 2012. |
Ao que parece, quase 20 anos em que ações destes gêneros foram iniciadas como estratégias para a saúde de gerar saúde com poucos recursos apenas revelou o desprezo pela construção de uma infra-estrutura capaz de atendimento digno e ou em condições mínimas de uma população operária carente de saúde. Mesmo com a falta de leitos públicos e infraestrutura adequada, uma cidade da dimensão de Manaus, dá-se ao luxo de não reutilizar espaços de recuperação da saúde como a Santa Casa de Misericórdia que jaz, ao longo da história, sendo uma "chaga" na face da geografia da cidade, e em cujos leitos, acolheu uma enormidade de manauaras e amazonenses desde o seu nascimento até o limiar de suas energias vitais.
Em vez disto, no mundo das virtualidades, a cidade adota hibridos "caminhões-ônibus" para o atendimento da população que hoje excede a 1,8 milhões de almas. A velocidade como a marca da virtualidade, revela o estágio instântaneo destas ações, que de fato, não "vieram pra ficar". Após isto, as virtualidades desaparecerão e só nos restará o belo e magestoso prédio da Santa Casa de Misericórdia, no Centro de Manaus, como se fosse um "coração" cansado á espera da incisão cirúrgica correta para voltar a pulsar como uma criança prestes a nascer e a poder cumprir o seu papel mais uma vez.
Foto: Missa da Vígilia Pascal. Igreja Dom Bosco. Manaus. Autor: Geóg. M. Bechman, 2012. |
A Campanha da Fraternidade da Igreja Católica de 2012 trata da saúde e na missa de antes Semana da Páscoa, doou todas as oferendas para entidades de saúde do mundo, não interessando lugar, credo ou gênero. Um belo exemplo, inspirado na vida de Jesus Cristo, que não escolheu a quem ajudar, ou melhor, optou por amar a todos sem distinção.
Saudações Geográficas!
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