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FOTO: MESA DE PROFESSOR. AUTOR: CUCUNACA, 2015 |
Quanto
vale um professor?
Prof. Me. José Roselito Carmelo da Silva
Geógrafo, professor do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas
No sentido mais amplo da palavra
“professor” me reporto a todos os profissionais da educação, seja ela ou ele,
seja os ou as com menos ou mais experiências, mais que comparar a um mestre
joalheiro que trabalha uma peça rústica e transforma em uma bela obra de arte, quanto vale um professor qualificado que
num esforço e dedicação de no mínimo 4 anos tem que sentar num banco de
faculdade para se licenciar e se profissionalizar na área de educação, mais 1
ano na especialização, mais 2 anos para mestrado e 4 para doutorado e que agora
se vê ameaçado diante do notável saber?
Quanto
vale um professor com tempo para cumprir uma extensa jornada
de trabalho, que extrapola as 800 horas obrigatória, quando tem que levar para
casa incontáveis trabalhos e provas de várias turmas para corrigir, porque tem
que cumprir o calendário e o tempo dedicado à docência na escola nunca é
suficiente, tem que encontrar tempo para pesquisar várias fontes porque muitas
vezes a escola não tem biblioteca, sacrifica horas a dentro em sua casa para
preparar aula para o dia seguinte?
Quanto vale um professor sem auxilio,
tira dinheiro do próprio bolso para comprar papel, comprar pincel, comprar
tinta da impressora ou para produzir cópias com intuito de ministrar no mínimo
uma boa aula ou faz a “vaquinha” entre seus pares para pagar transporte para
realizar uma aula prática?
Quanto
vale um professor que não tem investimento que para manter
a lucidez do conhecimento, sem apadrinhamento ou apoio financeiro faz um
investimento solitário em sua carreira, para comprar livros, computador em até
10 parcelas, para participar de encontros e congressos, paga para ter acesso à
internet e que deveria ter no mínimo uma bolsa livro?
Quanto
vale um professor dos primeiros anos iniciais, além de
assumir o papel de docente, tem que assumir a figura de pai e mãe com
responsabilidade dobrada na educação da criança, isso sem falar nas crianças
especiais que precisam maior dedicação, o professor tem que cumprir esse
desafio e é o que recebe menor salário?
Quanto
vale um professor teimoso
que trabalha com inúmeras turmas com salas de aula quente, sem ar condicionado,
iluminação precária, enfrenta um grande número de alunos
com diferentes comportamentos, entre eles os mais agressivos, e quando jovem ou
adulto aumenta a preocupação porque lhe coloca em risco de vida permanente?
Quanto
vale uma professora com dupla jornada de trabalho,
quando sai da escola, em casa tem que assumir várias profissões sem ter
pagamento, aumenta a responsabilidade porque como administradora tem que estar
atenta ao gerenciamento doméstico para não faltar os provimentos na casa, como
psicóloga tem que mediar conflitos quando houve o marido sobre os problemas no
trabalho e os filhos com as atribulações na escola e sem vacilar, sem
envolvimento emocional tem que emitir opinião correta. Como economista fica
atenta aos meios de comunicação para verificar a cesta básica, faz anotações,
cria tabelas, faz planilha orçamentária e num esforço matemático faz análise de
preço para poder comprar com o pouco salário que ganha como professora? E tem
mais lava, passa, varre, faz o café, o almoço a janta... Ufa!
Quanto vale um professor
transformador, que na temporalidade da vida lapida
com seus conhecimentos muitas outras vidas, que jamais poderiam ser médicos,
advogados, juízes, economistas, e tantas outras profissões sem ter passado
pelos seus conhecimentos. Entre estas e tantas outras competências que cabe ao
professor, digo que essa ou esse profissional da educação é uma joia rara sem
preço e como tal merece todo respeito.
Agradecemos a contribuição e reflexão do professor Roselito Carmelo, neste espaço. Saudações!
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