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FOTO: MANIFESTAÇÃO PELA EDUCAÇÃO. UNE. AUTOR: CUCUNACA, 2019. |
Por: Mauro Bechman*
Hoje minha cidade, faz aniversário. São 351 anos que fizeram do Lugar da Barra, a cidade de Manaus. Em meio a Sindemia que castiga a cidade e seus filhos e os que por aqui vivem. Os manauaras sem identidade são explorados e expropriados. Sua rica pré-história e história são negligenciadas na construção de seu presente. Não escrevo sobre prédios, escrevo sobre pessoas.
Daqui há algumas semanas, a cidade escolherá na democracia liberal via eleições municipais seus representantes. A 5ª economia do Brasil, tem uma disputa cruel. Uma classe média clássica que na crise das utopias e a ameaça de sua posição social pelo avanço da classe C ascendente decidiu-se pelo apoio ás velhas oligarquias sociopolíticas e adesão a um projeto suicida de Brasil e noutro espectro a classe média humanizada cujo discurso de ódio veio silenciando-a desde 2012, mas com a coerência política e o alinhamento a um projeto de gestão contemporânea e democrática da cidade que timidamente desperta para o enfrentamento qualificado na política.
Todos os dias, jovens e idosos são perdidos e ameaçados pela violência urbana e pela perda de vidas para a Sindemia que assola especialmente as classes laboriosas mais precarizadas. Jovens em idade escolar em corpos sem vida estampam os jornais cotidianamente para o deleite dos anti-civilização e o silencioso espanto das classes mais humanizadas. A cidade sofre.
A cidade dos Deuses precisa renascer. Precisamos reassumir nossa responsabilidade na construção da cidade e ofertar esperança a nossos jovens cucunacas. Proteger e nutrir com seguridade nosso patrimônio maior, nossos idosos. Em muitos lares são eles, os avós e avôs que respondem pelos cuidados com a casa e as famílias com pais separados. Sem eles, não há história e nem a transferência de valores humanos que a experiência da vida lhes proporcionou, certamente uma história de luta e vitórias aos que passaram pelas quatro estações da vida.
Algumas vezes, a cidade dos Deuses, levantou-se contra seus opressores momentâneos. Não podemos renunciar a nossa cidade. Nenhum manauara é chamado a renunciar. Ao contrário, sempre nos grandes desafios da cidade, nós somos sempre chamados à rebeldia e à liberdade e na dúvida sobre qual destes dois caminhos escolher, nós sempre escolhemos os dois.
Neste chão, está enterrado o meu umbigo.
Um brinde à rebeldia e à liberdade neste aniversário de 351 da Cidade, mãe dos Deuses.
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* Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia e Processos Socioculturais. UFAM.
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