FOTO: M. BECHMAN. 2021. AUTOR: CUCUNACA, 2021. |
Por: MAURO BECHMAN*
Em muitos momentos de dificuldades na vida, sempre nos aparecem pessoas, que como anjos nos ajudam a superar os desafios da conquista de nossos sonhos.
Noa tempos de Graduação, lá pelos anos 1990, quando o meu dinheiro de recisão de trabalho acabou, foi muito difícil manter os estudos.
Sem emprego, uma faculdade diurna e as dificuldades de um estudante pobre, sem grana para a reprodução das fotocópias dos textos e até para a ida e a vinda a universidade. Uma vida Severina.
Durante meu tempo de bolsista de trabalho na antiga Escola Técnica Federal do Amazonas, conheci uma outra bolsista por nome Dagmar e a reencontrei como colega de curso de Graduação algum tempo depois.
E no reencontro, tínhamos a mesma rotina de trabalho e estudo, porém sempre a relação de colegas brincalhões.
As coisas foram ficando difíceis, reprovei em estatística e a Dagmar foi avançando nos períodos. A vida estava dura e algumas vezes, tinha que ir e voltar a pé para a faculdade.
Foi uma porção de vezes que ia da 7 de setembro no Centro para o Campus Universitário, no Coroado, a pé e às vezes sem um café pequeno que fosse.
Nesse momento, foi que a Dagmar me ajudou muito. Ela, havia arrumado uma bolsa de pesquisa na universidade e também recebia passagens estudantis (passe estudantil).
Não era de choramingar minha vida pra ninguém. Mas, a minha colega percebia minha agonia e aos poucos que a gente conversava ela, sempre sorridente, puxava da bolsa alguns passes estudantis e me dava...nossa! Eu ficava todo envergonhado.
Ela dizia sorrindo, pega! É pra você, eu não estou precisando, eu tenho de sobra, pega. E completava: só quero que você estude, você é inteligente e não precisa me pagar pois eu tenho o suficiente.
E, durante ao menos um semestre, a minha colega, me socorria com os passes estudantis. Foi um tempo muito difícil.
A minha colega Dagmar formou antes de mim e depois não a vi mais. Gostaria de um dia poder agradecer a ela, o que ela fez por mim naquele tempo.
Dizer que sou grato e que apesar de todo este tempo que se passou não esqueci o seu gesto tão bondoso para comigo.
Uma moça que não era estrela da sala, não era faladeira, nem vulgar, nem banal e não se enturmava com qualquer grupo. Creio que ela foi aquele anjo que Deus envia para nos ajudar quando estamos querendo desistir.
Por isso, há momentos que muitos pequenos se tornam gigantes em nossas vidas. De pessoas simples e quase desapercebidas, provém gestos de amor ao próximo gigantes.
Espero que ela esteja bem e feliz. Aqui minha eterna gratidão.
__________________
*Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas UFAM.
Nenhum comentário:
Postar um comentário