FOTO: PROF.ME. M. BECHMAN. AUTOR: CUCUNACA, 2021. |
Por: MAURO BECHMAN*
A cada tempo, somos tomados por temores, sensação de impotência e medos ao longo da vida.
Em 1979, recordo das notícias que vinham via televisão da Guerra do Irã x Iraque em que os vizinhos comentavam a dureza e crueza da luta, também de outros medos de assombração, da violência urbana e também do Fim do Mundo (!).
Chegava a chorar ao ler o Evangelho e ver o Apocalipse e endossando isso, as temiveis profecias de Nostradamus e de outros profetas de botequim.
Certa vez, fiquei tão triste que resolvi ir falar com um padre a respeito e, numa pequena mesa, no oratório São Domingos Sávio, o padre ouviu minhas angústias.
De cabeça baixa o sacerdote me ouviu sem falar nada até o momento em que silenciei e então, ele levantou a cabeça e, com os olhos voltados para mim fez a seguinte pergunta: "Meu Filho, uma Guerra ocorre porquê alguém previu ou por que os homens brigam?".
Eu fiquei em silêncio e após uma breve pausa respondi: "porquê os homens brigam.". Então ele respondeu: "Então meu filho, não fique triste, devemos rezar sempre pela paz entre os homens. Mas, vá brincar pois você tem muito a viver. Deixe com Deus isso, só ele sabe quando isso irá ocorrer.". Agora, mais aliviado, levantei do pequeno banco de madeira e fui jogar bola.
Ouvimos falar de doenças, guerras, catástrofes, falta de humanidade, da invasão de privacidade e violências as mais diversas. Ainda muitas pessoas associam isso ao fim do mundo ou a sinais deste fim.
Após um tempo, fui refletindo tudo isso. E, como amante da Geografia, resolvi chamar isso de a "Fúria do Mundo". Na angústia, Bachelard falou que de tempos em tempos, os homens tendem a sua autodestruição.
E, como professor, ao olhar para a história da nossa espécie neste planeta e do próprio planeta com suas rupturas e continuidades, metamorfoses e entropias, descobri que o mais importante é a vida.
Ora, nem sempre temos o controle sobre a fúria dos homens e muito menos ainda a fúria da Natureza. Ou seja, a todo tempo, estamos presenciando e tentando sobreviver em meio a guerras, doenças, violências e desastres naturais, a esta verdadeira "Fúria do Mundo".
_____________
*Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas UFAM. (1909).
Nenhum comentário:
Postar um comentário