| FOTO: PROF. ME. M. BECHMAN. AUTOR: CUCUNACA, 2021. |
Por: MAURO BECHMAN*
Por volta de 2002, estava na luta para conseguir concluir a pesquisa para a construção da Dissertação de Mestrado. Aquela vida dupla, estudante do Mestrado e professor da Escola Pública contatado como "Regime Especial" e a dissertação a ser feita.
A dissertação era sobre Populações em Áreas de Risco Ambiental na orla de Manaus. Então, no cronograma de pesquisa, a ida ao Porto do Rodway e claro, ao museu do Porto.
Lá, me apresentei e fui apresentado a um senhor negro, alto e apesar de todo o estereótipo, disse a mim que era amazonense. Ele, falou que o museu estava fechado e ali, estávamos praticamente na clandestinidade.
Então, entrei no museu e fui vendo quanta riqueza ali jazia, sem uma utilidade pública para a sociedade tão carente de informação sobre a sua história. Vi alguns livros caixas de 1910, feitos a mão, um escafrando, objetos e até planos em papel manteiga e outros materiais interessantíssimos.
De repente me deparo com algumas placas de metal na parede, e vejo o nome do artista plástico Moacyr Andrade. Então, perguntei: "E vejo que o Moacyr Andrade havia algumas placas, mas porquê tantas placas?".
Ele me respondeu com a maior seriedade: "Algumas pessoas gostam de pichar paredes, este artista gosta de pichar paredes com placas". A partir daí compreendi o que via diante de mim.
Lamentava não ter condições a época de levar daquele espaço nenhuma imagem, a não ser, as da memória.
Bem, consegui levantar algumas informações sobre o Porto, o seu rico museu e notas sobre a orla de Manaus. Mas, certamente, o aprendizado foi o maior ganho. Creio que aprendi a pichar as paredes da minha casa sem spray.
É isso.
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* Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas UFAM.
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