50 MAIS 37: "A DUREZA DA VIDA NÃO PODE SUPLANTAR O ROMANTISMO"

 

FOTO: PROF. ME. M. BECHMAN.
AUTOR: CUCUNACA, 2021.


Por: Mauro Bechman*

As duras jornadas de trabalho, o mergulho no eterno fazer tarefas, sejam elas corporativas ou domésticas. O medo de se entregar aos sentimentos, gerando uma economia de emoções que nos empurra para relacionamentos afetivos baseados na posse e na busca confusa de prazer e auto satisfação, tem levado embora o enlace que o amor requer para se eternizar.

Perder o romantismo é apenas uma etapa para a desumanização completa das relações afetivas. Não é a idealização do parceiro ou da parceira que faz a relação, mas os sentimentos e gestos manifestos de sinais de amor que cimentam as relações e até perpetuam as uniões.

No final de 2021, acidentalmente sintonizei numa rádio, enquanto limpava a casa. Ouvi melodias e canções românticas do final dos anos setenta e primeira metade dos anos oitenta. Não podemos, claro, cair nas armadilhas de dizer que "naquele tempo" era melhor que hoje. Não, não parto dessa premissa.

 Mas, é importante frisar que cada tempo tem seu encanto e para os jovens que tiveram que se provar enquanto pares de espécies que se apreciam além do extinto de reprodução, certamente foi um tempo que cristalizou uma certa forma de manifestar a sensibilidade e o amor pelo parceiro ou parceira.

A música tem esta propriedade, a de nos arrebatar nos conduzindo a tempos e espaços jamais possíveis revisitar senão pela mente. E, estas estações nos fazem refletir sobre que parte de nós abdicamos ao longo de nossas vidas.

Talvez seja isso, que alguém me alertava há uns 5 anos atrás. Creio que foi um colega de trabalho que foi taxativo em dizer: "As pessoas estão muito carentes de afeto, de cuidado e de amor". E, olha que o sujeito não era muito daqueles que mandam flores ás namoradas.

A dureza do cotidiano, dos afazeres seja corporativos ou domésticos, e a atomização do indivíduo, que se coloca sempre em primeiro lugar, acaba promovendo essa situação de perda do romantismo em suas relações afetivas. No amor, tem que haver romantismo, senão vira valsa de um só.

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*Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas UFAM.

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