| FOTO: M. BECHMAN. AUTOR: CUCUNACA, 2022. |
Por: Mauro Bechman*
Dos meus eternos carnavais, a saudade dos grandes desfiles que marcaram este jovem que desde criança cultua a festa de momo e como.
Nascido na Praça 14 de Janeiro, não há como não se ligar ao samba da escola da Praça 14, a Vitória Régia.
Dos carnavais, o desfile de 1984, na avenida Djalma Batista guardo com a mais intensa lembrança.
Era o desfile do samba enredo, talvez um dos mais lindos do carnaval de Manaus, o famoso "Segura iôiô, segura iaiá, vem pra avenida a verde e rosa vai passar" cujo enredo, falava de castelos, maravilhosa viagem pelo reino da ilusão, gravado pelo imortal Dominguinhos do Estácio, falecido em 2021.
A escola da Praça 14, demorou duas horas e quarenta minutos pra desfilar. As arquibancadas de madeira superlotadas, nas pequenas divisas que separavam o público do asfalto da avenida, o povo batia nos tapumes com latas de cervejas e mãos pedindo Vitória Régia! Vitória Régia!.
Quando a escola despontou na cabeceira da avenida, um delírio tomou conta do público.
Antes, a harmonia da escola, distribuiu gratuitamente bandeiras com logomarca da escola e o público foi se enchendo de bandeiras de pano decorando a avenida do samba, as agitando como se estivessem numa final de campeonato de Futebol entre Rio Negro e Nacional.
Eu, meu pai e meus dois irmãos mais novos, conseguimos trepar arriscadamente por detrás de uma das frágeis arquibancadas de madeira sob protestos de duas senhoras que nos xingava e murmuravam com a nossa presença ali.
Meu pai, falou sério e disse a elas, se vocês tem direito de ver a escola, eles (os filhos) também têm.
Naquele clima tenso, conseguimos ver a escola passar e sacudir a avenida. E, partir daquela noite, passei a amar o desfile das escolas de samba.
Aos olhos de um menino, o êxtase e a alegria do carnaval estampado no rosto de pessoas anônimas do povo. Não havia força que impedisse esse meu amor pelo carnaval.
Hoje, não teremos desfile por conta da Pandemia do Sars Cov-2 e suas variantes. Daí, partilhar a saudade do carnaval das escolas de samba de Manaus, como nos lembra o pesquisador Daniel Sales Gato, o carnaval da chuva, pois nos dias de desfile em Manaus sempre cai uma chuva.
Desta vez, a água não veio da chuva, mas da saudade que meus olhos marejados insistem vasculhar no baú do tempo.
Bom carnaval em 2022!
_______
*Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas UFAM.
E. Verdade sinto muitas. Saudades de outrora que os jovens sabiam brincar.. Tinha um horario para os jovens chegarem em casa e tudo ocorria muito bem. Lembro. do Sambao ali najoaquim nabuco iamos com uma vizinha levava muitas das meninas pra pular o carnaval epoca boa.
ResponderExcluirSaudades, desse tempo que não volta mais.
ResponderExcluirO Carnaval naquela época, era contagiante.
O último que assisti em Manaus, foi em 2017 no sambodromo, também foi cheio da magia do Carnaval.