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CATAR, FIFA E A COPA DA EXCLUSÃO

 

FOTO: M. BECHMAN.
AUTOR: CUCUNACA, 2022.

Por: Mauro Bechman*

Começa uma nova copa do mundo de futebol, a 22ª promovida pela FIFA. A primeira durante uma pandemia causada pelo Sars cov-2, que assola o mundo inteiro desde 2020, também é a primeira copa do mundo em um país árabe. Um evento global, cada vez menos.

Uma verdaira cultura global a partir de uma modalidade do esporte, o futebol fez com  que a entidade Fifa chegasse a ter mais associados que a própria Organização das Nações Unidas (ONU). Sendo seus associados de pequenas ditaduras promovidas e asseguradas por países desenvovidos até mesmo democracias liberais.

Com este poder, a Geografia da Bola é configurada pela FIFA. Assim, a XXIII Copa do Mundo de Futebol masculino no Catar, expôe em cores e sons as suas contradições aos olhos de quem sabe ler. De um lado, a entidade repudia o trabalho escravo, de outro, o permite se for para a construção de arenas para "roleta dos jogos".

De um lado, apresenta-se como uma entidade global de afirmação da igualdade dos gêneros, mas realiza a Copa de 2022, num país que não há plenos direitos ás mulheres. De um lado, inclui seleções de futebol cujos governos promovem o facismo infligindo os direitos humanos e de outro exclui países que são até integrantes dos sistema internacional em vários fóruns e organizações.

A copa do Catar é o evento em que se excluem mulheres, países e direitos. Não vemos o povo do Catar nas ruas, não vemos a paixão pelo futebol nas ruas, não vemos a espontaneidade popular, não sabemos quais são seus verdadeiros rostos. É uma copa para se ver e não viver.

Concomitante a isto, no Brasil temos uma situação sui generis. Uma linha de extrema direita aproprioiu-se das cores da seleção brasileira de futebol desde 2013 que insiste em manter seu monopólio iconográfico sobre a camisa pentacampeã do mundo de futebol. 

Com o resultado de derrota nas eleições de outubro deste ano, muitos torcedores brasileiros não compram camisas em verde amarelo (uniforme da seleção brasileira canarinho) pois não desejam serem confundidos como se fossem um dos simpatizantes desta corrente política extremista.

Na copa anterior, a de 2018 na Rússia, até o mascote da seleção foi alterado em sua concepção inicial, o  Canarinho passou a ser retratado com semblante de raiva e ódio, sendo apelidado de "Canarinho Pistola". Em certo sentido, uma exclusão das cores e do canarinho símbolos de um país que construiu uma marca de alegria e arte neste esporte de alcance global.

Boa copa.

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*Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas. UFAM.

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