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FOTO-MONTAGEM: M. BECHMAN. AUTOR: CUCUNACA, 2022. |
Por: Mauro Bechman*
E acabou. Mais uma vez a seleção brasileira de futebol masculino sucumbiu nas quartas de final de uma Copa do Mundo. Esta, foi a primeira realizada num país árabe, o Qatar, sendo a edição de número 22.
A disputa desta vez foi contra a seleção da Croácia e o jogo esteve muito favorável ao Brasil, embora o domínio de bola foi considerável da equipe croata.
Então, restando poucos minutos para o fim da partida, o Brasil com a vantagem de 1 a 0 cedeu o empate numa jogada de contra ataque, o que levou aos pênaltis e a consequente eliminação do Brasil desta copa.
O esporte mais popular do Brasil, certamente causa uma certa tristeza coletiva com esta derrota e a consequente eliminação prematura.
O destaque aqui vai para a imprensa, especialmente a que cobre os campeonatos europeus onde alguns brasileiros atuam.
A crônica esportiva das tevês por assinatura no Brasil tem um verdadeiro prazer em citar o atleta e o clube estrangeiro ao qual pertence, claro, nas oportunidades para enaltecer suas reais ou pretensas qualidades.
Tevês de canais fechados, não cansam em suas transmissões de enaltecer o futebol globalizado europeu. É um tal de Neymar do Paris Sant-German, Alisson do Liverpool, Militão do Real Madrid... que não acaba mais.
Clubes nacionais, eles não citam, parece haver uma ordem nas redações para apagar o futebol que se joga no Brasil. E o êxtase desta imprensa quando sai a lista de convocados. (risos).
Ah! Lembramos de um fato.
Os cronistas destes canais que muitas vezes fornecem a narrativa do futebol, "esqueceram" de que quem perdeu o primeiro pênalti, aliás a nosso ver infantil, foi o tal jogador Rodriguinho do Real Madrid, (!) e o que abandonou a posição de defesa abrindo espaço para o contra ataque croata foi o famoso (!) Fred do Manchester United da Primier League.
Notaram? Os cronistas nunca enfatizam os clubes destes atletas quando eles falham, mas quando eles acertam, rapidamente dão aquele crédito ao clube europeu.
Esquecem das limitações dos atletas e da própria natureza deste esporte em que a sabedoria ensina várias máximas que vota e meia castigam os "entendidos ou craques" seja dos comentários ou de dentro das quatro linhas.
Ás vésperas do jogo, assistindo a uma reportagem da tevê Globo aberta, vimos uma espécie de "Pré-lançamento" de um grupo de funk, tendo como garoto propaganda, o jogador Vinicius Júnior (Real Madrid), que divulgava o grupo musical que o "inspirava", ou seja, mais marketing e atrelamento de "produtos" ao futebol. Talvez um novo mantra: "Mais marketing e menos arte no futebol brasileiro".
A verdade é que esta imprensa colonizada do Brasil vive a defender a abertura do mercado de cerca de 100 milhões de torcedores brasileiros (consumidores de produtos esportivos) para o domínio pleno da Europa e a subalternização do futebol brasileiro.
Os campeonatos Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro são torneios que tem crescido em organização com uma crescente afirmação do futebol de outras regiões do Brasil que não seja apenas o do centro-sul do Brasil.
Algo já reconhecido por argentinos, mexicanos e uruguaios, a força dos torneios brasileiros e o seu gigante mercado consumidor de produtos do futebol, sejam transmissões ou material esportivo.
Técnicos brasileiros tem vencido estes longos e desafiadores torneios, inclusive sobre treinadores estrangeiros, o que esta imprensa comprometida faz questão de ofuscar. E, independente de seus erros, e se Tite fosse de um destes clubes europeus, será que teria a mesma tratativa? Só para refletirmos.
E os meus conterrâneos hein?
Continuam a esperar por um novo evento... para de novo se incluir novamente apenas como consumidores.
E eu, continuo amando o futebol arte do meu país.
Ponto.
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*Mestre em sociedade e cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas. UFAM.
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