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SAMBA DE MANAUS: OUTRAS PALAVRAS


FOTO: M. BECHMAN.
AUTOR: CUCUNACA, 2023.

Por: Mauro Bechman*

Este ano de 2023 foi o ano da volta da presença de público nos desfiles das escolas de samba no sambódromo de Manaus após os dois anos de restrições por conta da Pandemia do Sars Cov-2.

Algumas observações são necessárias, afinal faz parte do trabalho dos blogueiros emitir impressões sobre o que a vida nos apresenta. Desse modo, observemos os seguintes pontos:

  • As escolas de samba de Manaus mais próximas de uma organização são A Gres Reino Unido da Liberdade, a Mocidade de Aparecida e apesar de sua pouca idade, a Gres Vila da Barra. São burocracias que fazem da Escola de Samba, sua vida cotidiana em organização e compromisso com o espetáculo do carnaval.
  • O desfile deste ano mostrou escolas menores cada vez mais profissionais buscando seus espaços entre as grandes. Uma real ameaça às escolas que sobrevivem de suas memórias. Estamos no século 21 e as escolas tradicionais precisam saber disso.
  • O público envelheceu. É importante ver que o carnaval de escolas de samba não é mais o point de jovens foliões. Eles migraram para os blocos. As escolas e seus gestores tem que buscar se atualizarem ou desaparecerão. Vê-se a dificuldade das tradicionais Gres Sem Compromisso voltarem ao grupo especial assim como a Gres Balaku Blaku.
  • Não se pode ficar ignorando a capacidade das escolas de samba de se organizarem e buscarem seus recursos próprios sem dependência dos governos.
  • As universidades e centros de ensino precisam voltar a escrever Trabalhos de Conclusão de Curso TCCs com a temática carnavalesca. Como sugestão, a história das escolas, personagens e cordões carnavalescos. É preciso viver de Carnaval e não apenas curtir o carnaval.
  • É preciso também que as escolas de Samba cumpram o seu papel, ou seja, de ensinar a sambar. Muitas alas já não sambam, apenas fazem coreografias (algumas vezes desconexas)  ou levantam as mãos e batem palmas como se fossem torcidas organizadas. Afinal, estamos numa escola de samba!
Este carnaval, a nosso ver, foi um passo importante para a atualização do carnaval amazonense. 

É preciso que as escolas estejam atentas ao trem do tempo, se não o fizerem, ficaremos como nossos clubes tradicionais de futebol, sendo apenas lembrança vaga das glórias do século passado.

A Maria Fumaça já começou a apitar.

Amanhã, tudo já será cinzas.


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* Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas UFAM.

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