FOTO: DELEGAÇÃO BRASILEIRA. 2024 |
Por: Mauro Bechman*
Começou mais uma olimpíada. Dessa vez, a sede é Paris na França. Paris, a cidade Luz que atrapalhadamente se apresenta como revolucionária e vanguarda da modernidade.
E para lá foi a delegação de esportistas brasileiros com seus uniformes patrocinados por uma empresa que abertamente apoiou um governo de extrema direita e talvez aí esteja o motivo de sua "vingança".
Afinal, o governo atual no Brasil é fruto de uma coalizão partidária de centro-esquerda. Os uniformes que representam um Brasil do século XXI se aparecem mais com algo parecido com o século XX.
E, nessa idéia de Brasil, a cabeça da classe dominante, atraso, rudeza e subserviência. As roupas falam e não transmitem o que é o país, mas no que parte de sua classe dominante idealiza do povo e para o povo brasileiro.
Não é a elegância cristã que está presente ali nos uniformes é a provocação, quase birra, de crianças que insistem em não compreender que os outros também existem e que também tem o legítimo direito de verem seu país trajado adequadamente quiçá belissimamente para o baile do esporte mundial.
Dos trajes, os corpos dos atletas encobertos como se estivessem indo a uma celebração religiosa. Corpos cobertos que não conseguiram esconder que o Brasil real ainda é um país curando suas feridas políticas.
Uma extrema direita que flerta com o Fascismo num país tropical e miscigenado que insiste em permanecer no palanque com seus discursos moralistas e contradições recheadas de baixa intelectualidade insiste em "sabotar" o baile de Cinderela.
O Brasil precisa curar suas feridas para voltar a ser mais fielmente representado no baile das nações com a cara de todos os brasileiros.
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* Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas. UFAM
1 Comentários
Um belo texto : crítico , rigoroso e radical
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