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MEU 7 A 1

 

FOTO: M. BECHMAN.
AUTOR: CUCUNACA, 2024

Por: Mauro Bechman*

Este ano completou 10 anos da derrota do Brasil para a Alemanha na copa do mundo de futebol de 2014 realizada no Brasil pelo quase inacreditável placar de 7 a 1.

Para fazer esta memória, precisamos ler criticamente os contextos e as personagens envolvidas e creio que como na Guerra do Paraguai, tão cedo não saberemos a verdade dos fatos. Entretanto, nos reservamos ao direito de tecer algumas linhas de análise.

Em 2014, a Confederação Brasileira de Futebol completaria 100 anos, sendo assim, uma das entidades multinacionais esportivas mais longevas do mundo. 

Os treinadores da seleção brasileira eram respectivamente Carlos Alberto Parreira e Luis Felipe Scolari, o primeiro tetracampeão do mundo e o segundo, pentacampeão de futebol. 

Praticamente toda a seleção convocada era composta por atletas que atuavam nas equipes de primeira linha da Europa. E, contraditoriamente, a seleção alemã campeã do mundo naquele ano era formada tendo por base o Bayern de Munique. 

Então, tínhamos uma seleção globalizada contra uma seleção ainda nacional, com atletas atuando pelo seu país.

Dentre as várias análises, algumas realmente fantasiosas e outras até consistentes, queremos aqui abordar o cenário sociopolítico que antecedia a Copa do Mundo de 2014, mais de 10 anos de governo de centro esquerda no Brasil. 

Em 2012, o wikileeks revela espionagem sobre as empresas brasileiras estatais de engenharia e petróleo que estavam expandindo seus negócios pela África chegando até o Caribe. Não bastasse isso, a presidenta Dilma Roussef também foi espionada conforme matéria do Jornal Nacional da Rede Globo. 

Em 2013 o Brasil é varrido por protestos populares com Não Vai Ter Copa acompanhado de Saúde e Educação. O movimento Vem pra Rua, provocava pela internet aos brasileiros a irem para as ruas, mesmo lema do comercial de tevê da Fiat.

Durante a Copa das Confederações, o ódio já estava impregnado e até Pelé era criticado veementemente na mídia e as vaias a presidenta do Brasil que chamara até a atenção do presidente da FIFA, pedindo um pouco de educação e respeito. Jornalistas esportivos, mesmos os mais progressistas como o José Trajano, se declararam á favor dos protestos que ocorreram nas chamadas Jornadas de Junho.

Então, sobre o Jogo, ainda lembro do comentário do ex-jogador Edmundo na televisão bandeirantes em que dizia estranhar a escalação dos zagueiros em posições invertidas, também vi este atleta se emocionar ao pedir para o Brasil reagir e honrar a camisa.

O jogo acabou. E, o sentimento dos que tinham a camisa canarinho, em sua maioria era de desprezo, uma espécie de volta da síndrome do cachorro vira-latas, o que Nelson Rodrigues em 1950 falara com a derrota para o Uruguai. No meu coração, na hora do jogo. Uma vontade de estar registrando as fotografias do jogo no Teatro Amazonas e uma vontade de assistir ao jogo em casa.

 Nesta dicotomia, subi a Rua Tapajós em direção ao Teatro Amazonas e ao chegar no Largo de São Sebastião, as pessoas já estavam em uma espécie de transe onde não acreditavam no que viam. Fotografei alemães turistas que meio assustados posavam com sua bandeira para torcedores que gentilmente reconheciam a derrota brasileira.

No fundo, creio que a explicação desse jogo virá só após alguns anos. Eu sinceramente, creio numa grande armação para quebrar a identidade nacional e colocar o magnifico mercado consumidor de esportes no Brasil nas mãos do mercado europeu. 

Hoje, em 2024. Jovens brasileiros não sonham em defender a seleção brasileira, mas em jogar em clubes europeus. E, não faltam emissoras de tevês globalizadas que endossem essa perspectiva, seja empanando o desempenho dos campeonatos nacionais, seja reforçando a imagem de superpotência dos europeus.

Sou nacionalino, e este foi meu 7 a 1.

Viva o Futebol Brasileiro Pentacampeão do Mundo!


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* Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas. UFAM.

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