FUSOS E ABUSOS DE UMA ESCOLA DA PERIFERIA

FOTO: M. BECHMAN.
AUTOR: CUCUNACA, 2025.

Por: Mauro Bechman*

Uma chance para a cartografia. Talvez pareça um situação no mínimo interessante, alguns conteúdos da Geografia são atualmente negligenciados ou passados de forma muito simplória, mesmo nas apostilas.

Nesse caso, vemos uma coisa bem interessante,  os conteúdos relacionados às coordenadas geográficas ou cálculo de fusos horários já não aparecem com vigor nas apostilas e livros.

Ensinamos noções de cartografia para o ensino médio no ano de 1998 na Escola Estadual Eldah Biton Telles da Rocha zona oeste de Manaus. No conteúdo, latitude e longitude e fusos horários. A apostila fornecida pelo governo do Estado era de fato limitada, mas era o que tínhamos de recurso.

Num certo dia, os alunos de nossa escola foram fazer um curso de informática no colégio Instituto de educação do Amazonas IEA. 

Uma aluna ao ser perguntada por nós como estava o andamento do curso. Então, ela nos disse que foi uma surpresa para o instrutor o fato dos alunos de uma escola pública da periferia saberem calcular fusos horários.

A aluna e suas colegas ficaram até envaidecidas e surpresas com esta espécie de elogio ou um tipo abuso. Como pode nesta escola periférica se ensinar a calcular as horas dos lugares? Bem, jamais saberemos a verdadeira conotação dada pelo instrutor.

O mais importante é que as alunas se sentiam em condições paritárias às das suas colegas de outras escolas. Isto posto, revela o quanto é salutar ensinar noções de orientação e cartografia para os jovens contribuindo para a sua formação técnica e humana. 

Afinal, nem sempre, haverá um aparelho de telefone celular com GPS para nos ajudar a localizar no espaço.

Não se perca.

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*Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade federal do Amazonas UFAM.

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