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FOTO: M. BECHMAN. AUTOR: CUCUNACA, 2025 |
Por: Mauro Bechman*
Nesta última sexta-feira, 04/04 no último tempo de aula, uma surpresa no terceiro ano. O tema da aula, Sustentabilidade e a atividade por fazer para aqueles alunos que...apesar de uma semana, não conseguiram concluir o quadro dos "Objetivos do Desenvolvimento Sustentável" da ONU. Enfim, é o terceirão.
Quarenta e dois alunos e a energia de um Orishinik. Alguns tentaram entregar o trabalho feito de qualquer jeito, mas, para o professor de Geografia todo desenho, é arte, técnica e ciência. Afinal, não temos competência para avaliar rabiscos apressados.
Visitamos cada carteira para inspeção e conferência para ver se de fato estavam cumprindo a tarefa já com data vencida. E, estavam!
Entre os sorrisos e a concentração dos alunos, decidimos colocar umas músicas para ajudar a tornar o 5o tempo de aula menos cansativo e claro dar um "ar" de ambiente leve.
No canto direito da sala, à frente da mesa do mestre, uma jovenzinha de sorriso generoso e expressão nos olhos que já denotam o alvorecer da mulher e a despedida da adolescência. Seus brincos e cabelos levemente pintados e a disciplina de uma aluna de um colégio religioso.
Aproxima-se o fim do tempo...as tarefas, o visto de execução e a nota! E a moça, fala: "Vou sair, vou ser transferida para a noite" Então, o professor aprendiz de animador de palco, exclama: "Olha gente, sua colega vai sair...não formará com esta turma...uma salva de palmas para a colega!" E, os aplausos e alguns gritinhos rompem. A moça, revela: "É o terceiro ano com o senhor, vim do Maria do Céu".
E, ela se emociona e começa a chorar. O mestre fala: "São novas direções que a vida nos dá. Que você tenha sucesso e uma salva de palmas para nossa colega querida". E, novamente a turma a aplaude e soa a campainha e fim do 5º tempo.
No caminho para casa, fiquei lembrando do acontecido. Vi na sinceridade e nas lágrimas da aluna, o quanto é difícil mudar a direção, aceitar que o tempo passou e as novas demandas urgem em nossas vidas.
Talvez fosse dela, a "Primeira Despedida" e daí não há espaços para a anti-verdade. Daí a emoção do fim de um ciclo e o inicio de um novo caminhar, sem os pedidos de "Anote", "Tá feito", "Repete" e outros refrões do professor de Geografia.
Um novo passo, um novo caminho. Que ela seja sempre feliz em suas escolhas e quando lembrar do seu tempo na escola, pese mais as suas boas memórias.
Vai Mocinha dos brincos brilhantes... vai ser Feliz... e quando houver o desânimo ou o desafio como barreira imperar, não esqueça nunca
Anote!
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*Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas. UFAM (1909)
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