A GEOGRAFIA DO PT

FOTO: GLOBO TERRESTRE. AUTOR: M. BECHMAN, 2014.


A perspectiva da visão geográfica do PT (Partido dos Trabalhadores) nos apresenta uma representação do Brasil materializada ao longo dos 12 anos do governo federal sobre o comando deste importante partido político brasileiro.

Nascido dos anseios e das necessidades do povo brasileiro, numa década difícil, a dos anos 1980, e do esclarecimento de uma parcela da classe média formada nas universidades públicas e em sindicatos, órgãos e repartições, o PT foi alinhando-se ás lutas sociais dos trabalhadores e das minorias marginalizadas do Brasil.

Dois elementos importantes na sua constituição enquanto legenda partidária. O primeiro deles está na participação efetiva de uma bandeira político-ideológica e na sua integração neste sistema democrático-liberal brasileiro fazendo com que seu discurso ideológico fosse flexibilizado. No segundo elemento, está assentada a configuração espacial da legenda, em que, os setores da classe média, intelectuais, artistas e universitários passaram a integrar os seus quadros.

Sob este aspecto, destacamos a aglutinação de intelectuais e cientistas de áreas pouco prestigiadas nas conjunturas da sociedade, fazendo que com isso, profissões como as de geógrafos, arte-educadores, sociólogos, historiadores, antropólogos e demais cientistas sociais, cuja representantividade profissional não despertam tanto glamour, passem a ser protagonistas na percepção e construção do país.

Eivado destes profissionais e a perspectiva da posse do poder político por mais de uma década, o Partido dos Trabalhadores (PT) produz o seu mapa do Brasil. Inserindo assim, definitivamente as chamadas “Regiões Deprimidas” na agenda nacional, o Nordeste e o Norte.

Os governos petistas assumiram o poder com a missão de superar as desigualdades regionais do país e para isso, seria necessário, de fato o investimento nestas regiões para materializar no século 21, a integração ao menos imagética e econômica da Região Norte a territorialidade nacional e a inserção produtiva do Nordeste brasileiro e seus grotões de pobreza a economia do país. Daí que em nenhum tempo, estas regiões foram tão visitadas pelos governantes federais e foram alvos de vários programas sócio-espaciais desenvolvidos nestas regiões. Superar a periferização das regiões norte e nordeste e o desnível socioeconômico em relação ao eixo Centro-Sul do Brasil tornou-se um mantra para os governos petistas.

Noutro ponto, a superação das desigualdades sociais também tornou-se um desafio, talvez o mais difícil, a ser superado por este partido de formação trabalhista e com verniz socialista. Na década em que o PT governou o país, assistimos a burocratização dos movimentos sociais a partir da criação das secretarias especiais e a criação de leis federais na educação com o intuito de afirmação da sociodiversidade do país e para a redução das desigualdades étnico-raciais somados a um conturbado e ainda não concluído avanço nos direitos humanos. 

Neste sentido, não podemos esquecer, que sob o governo do PT,  o primeiro negro chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal), corte máxima do país e a primeira mulher, chegou à presidência da república na jovem democracia brasileira, dentre outros grupos sociais que passaram a sair da condição de “invisíveis” pela sociedade.

O desalinho petista com o projeto socialista marcou o distanciamento da legenda dos partidos da chamada “esquerda clássica”, embora não podermos esquecer que a Região Norte por importância estratégica (econômica e ambiental) e o Nordeste pela dimensão histórica, econômica e geográfica passaram a ser protagonistas neste novo mapa brasileiro do século 21, lembrando alguns eventos simbólicos que atestam essa participação com Manaus chegando a condição de metrópole regional com a 6ª Economia do país e as cidades do Nordeste sendo alvos de grandes projetos de desenvolvimento energético e de infra-estrutura, além de compor o maior número de sub-sedes da Copa do Mundo da FIFA realizada neste ano de 2014.

Sendo assim, não há que se estranhar que a Geografia do PT nesta década de seu comando na política federal, elevou as chamadas regiões deprimidas á condição de espaços promissores para onde empresas e investidores nacionais e internacionais projetam investimentos nas mais diversas áreas, do cinema á implantação de fábricas, das artes ao turismo.

Nestas eleições tão polarizadas, vamos fazer uma leitura geográfica sobre a disputa do poder político no Brasil, imaginando e projetando a nossa inserção e ou alienação nos destinos deste continental e espetacular país chamado Brasil.

Saudações Geográficas!


4 comentários:

  1. Parabéns pela visão crítica de um país que vive entre as incertezas da direita reacionária, onde o interesse maior e a derrubada do governo e não a melhoria do povo brasileiro, a geografia do PT faz alusão a maior transformação que esse país já teve, dentro de uma visão voltada a questão sócio econômico da população, onde as classes minoritárias tiveram a oportunidade de uma vida melhor....

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  3. AGRADECIDO Kaline e Paulo Hebert. Precisamos amar nosso país e para isso, somente conhecendo sua Geografia. O ilustre geógrafo Milton Santos bradava "Só se compreende o Brasil pela Geografia e não pela Economia". Grande abraço e saudações geográficas!

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