| FOTO: RUA TARUMÃ - PRAÇA 14 DE JANEIRO. MANAUS. AUTOR: CUCUNAÇA, 2015. |
Nas ruas da Área Central de Manaus, no tempo em que os antigos ficavam as noites a conversar nas calçadas em cadeiras de balanço de palha ou em cadeiras da própria casa, onde recebiam os vizinhos e vizinhas para conversar. Era comum os antigos e adultos contar histórias de assombração e visagens. Aproveitando a oportunidade, relatarei algumas estórias que permanecem presentes na minha memória desde criança.
"A Carruagem Fantasma"
Desde de criança, cresci ouvindo estórias de visagens e assombrações, contatadas pelos adultos e pelos mais antigos, o que hoje vejo como uma espetacular riqueza do folclore amazônico e brasileiro. No final dos anos 1970 morávamos na rua Jonathas Pedrosa entre as Ruas Leonardo Malcher e Ramos Ferreira no tradicional bairro da Praça 14 de Janeiro.
Meu segundo irmão mais velho, nos contava que nas noites escuras e nubladas pelo inverno amazônico, e nas ruas desertas com calçadas cheias de mato e terrenos com matagal alto, exatamente a meia-noite, passava barulhenta "Carruagem Fantasma" com sons e zumbidos tenebrosos pela rua Jonathas Pedrosa em direção á Praça 14. Por muitas vezes, ficava a imaginar essa assombração passando na rua e tremia de medo em ficar na rua durante esse horário e quando ela encontrava-se deserta de pessoas. Essas coisas, permanecem na minha memória até os tempos atuais e certamente influenciam o fato de eu não curtir ficar muito tarde na rua, como os antigos chamavam, para aqueles que ficavam até mais tarde.
"A Trouxa de Roupas"
Ainda nos meus tempos de criança, outra estória que preencheu esse imaginário mágico da infância, foi a história que minha segunda irmã mais velha contava de que há certa hora da noite, via-se passar na rua de nossa casa, uma trouxa de roupas, rolando sozinha no meio da rua, como se alguém estivesse empurrando. O ano era 1979 e os aspectos de uma cidade escura, com pouco desenvolvimento e muito mato e casas abandonadas eram um cenário adequado a criação desse universo imaginário e assustador.
"A Casa Velha"
Na rua onde morei e passei parte da minha infância, havia uma casa abandonada de madeira rodeada de mato. A turma de moleques da rua na qual eu fazia parte, sempre se desafiava a ir na casa velha, assim alcunhada por nós, mas eu sempre medroso do desconhecido e claro, também das mãos do papai e da mamãe, desconversava e fugia para entrar na da molecada. Por duas vezes passei pela casa, uma delas, que bem lembro, fomos "tirar" manga rosa de um vizinho, cujo fundo do quintal de sua residência dava para os fundos do terreno da casa velha. Estávamos a atirar pedras e paus na mangueira, quando de repente, o dono da casa saiu e gritou. Largamos tudo e toda a molecada saiu correndo e quando passei pelo caminho ao lado da casa velha, tropecei e caí estirado no chão. Meu Deus! Pensei estou perdido, e os meus amigos passaram por cima de mim e sumiram. Foi aterrador, ver meus amigos correndo e me deixando pra trás. No entanto, a coragem superou o medo e eu saí correndo até sair inteiramente do do terreno da casa velha. Ufa!
Há outras histórias de assombração e visagens que vivenciei e ainda permanecem na minha memória e que numa outra oportunidade compartilharemos. No entanto, as vivências são de fato, a maior herança que um ser humano pode transmitir como legado de vida. Vivi intensamente essa infância, nessa Amazônia Urbana, cheia de mistérios e estórias pra contar!
Boas reminiscências de minha infância. Parabens
ResponderExcluirAgradecido. Agradeço também a sua presença. Seja sempre bem-vindo! Saudações!
ExcluirBoas lembranças da infância, lembro do medo que sentia ao ouvir as estórias de assombração. rsrs
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