AGENDAS DO PASSADO

FOTO: AGENDAS PESSOAIS.
 AUTOR: CUCUNACA, 2020.
*Por: Mauro Jeusy Vieira Bechman


Nestes dias de Isolamento social, há um difícil momento de crescimento a ser compreendido. É um instante precioso para reflexão em todos os campos de nossas vidas. Um situação sugere que tenhamos a coragem de arrumar nossas vidas para além da imagem social que exibimos.

Ao longo da vida, desde de 1987, gosto de escrever em agendas pela necessidade de organizar as pautas cotidianas e também pela necessidade e prazer de escrever sobre as nossas angústias e esperanças.

Nestes dias, juntei meus arquivos materiais, neles minhas agendas/diários. Nelas, listas de compras, telefones, anotações, poesias e pequenas confissões.

Revisitar a leitura das agendas que coisa interessante, rever nossas escritas sobre as coisas e sobre nós mesmos. Um exercício de encontro consigo mesmo. Saber onde sonhávamos chegar e onde chegamos.

Carreguei as agendas durante anos e as  mantive nas várias mudanças de endereço e nas mais difíceis situações. Era a minha história ali registrada.

Então tomei uma decisão. Era hora de reduzir a quantidade de papel, primeiro foram jornais, revistas, livros doados, reciclados e outros até eliminados. E depois, as agendas.

Muitas destas agendas, eu comprei  e outras ganhei de pessoas que me amavam e era dura a sensação de ter que me desfazer desse material.

Então, decidi de fato reduzir a massa de papel acumulado e revendo algumas páginas fui arrancando as mais relevantes. Uma tentativa de salvar uma parte de minha história de ser Humano. E, aos poucos aquela montanha de agendas foi sendo reduzida, ficando apenas as páginas arrancadas para um registro digital.

Creio que a vida seguirá num outro ritmo e algumas coisas vão perdendo a necessidade de serem mantidas em forma física.

Em verdade, me senti mais leve. As páginas salvas serão digitadas e passarão a um arquivo virtual seguro. Afinal, é sobre nós que estamos tendo este auto cuidado, o de registrar nossa caminhada.

Talvez, esse século exija isso. E, nele, como prega o pensador alemão Max Weber há uma necessidade do Mundo em se reencantar.

Escreva sempre, o cotidiano, as tristezas, alegrias e esperanças e assim nunca despreze o que você constrói e construiu ao longo de sua vida.

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*Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia e processos socioculturais. UFAM. Professor de Ensino Médio e Superior.

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