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| FOTO: PRAÇA DA SAUDADE. AUTOR: CUCUNACA, 2021. |
Por: Ouvidor de Passarinhos*
E lá está a estrada da esperança, as ruas da Cidade dos Tiranos, do massacre do Porto das Lages, do massacre dos Manaú e da toponímia do rio Urubú, tentando respirar desde o ano que começou e ainda não acabou.
Comigo, estão o avô Ajuricaba sob a flauta de Jurupari e a bela Inhambú. Os sons dos tambores me estremecem o corpo em plena erupção para a guerra. Em segundos, não há máscaras que me acorrentem, nem canhões que me ameacem. O inimigo ronda em minha órbita, tremendo de medo, encapuzado e não pode me olhar nos olhos, pois escolheu o lado dos canalhas.
Cada pisada na cidade, o solo treme e a alegria vai transformando a cidade cinza em multicores e ene frações de fragrâncias. E cada pedra no paralelepípedo da 10 de Julho almeja servir de mensagem ao opressor que se esconde em carapaças e tatus mecânicos.
Não há espaço para pensar em retrocesso e sobre o solo dos manaú, a pegada do gigante que reafirma sua presença e de quem é realmente este chão. E, no solo, outros Cucunacas me saúdam com punhos cerrados e lágrimas nos olhos. Um caxiri para a memória dos que se foram, seus nomes agora nas pedras portuguesas. Reaprendi sobre o que é o amor na estrada da esperança.
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* Ex morador da Vila Dona Marciana, super herói das tardes de domingo no Centro Histórico de Manaus.

Nossa, que texto forte, e cheio de significado nas entrelinhas.
ResponderExcluirNossa, que texto forte, e cheio de significado nas entrelinhas.
ResponderExcluirVerdade, o ouvidor desta vez foi sensível, seu lirismo e postura são mesmo impactantes.
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