| FOTO: PROF.ME.MAURO BECHMAN. AUTOR: CUCUNACA, 2021. |
Por: MAURO BECHMAN*
A nossa humanidade também reside na nossa capacidade de nos indignar diante das situações de injustiça, dominação e mentiras.
São muitas as situações em que nos indignamos. Certa vez, na Universidade, a centenária UFAM, fomos chamados a protestar contra o Pagamento de Mensalidades nas universidades públicas.
Lembro o quanto estava sendo difícil mobilizar os estudantes para uma causa tão importante.
Então, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) marcou uma assembléia para apresentar o pauta contra o Pagamento de Mensalidades nas universidades públicas. Apareceram pouco mais de 20 pessoas e olha que estou sendo generoso.
Assistíamos e ouvíamos os oradores, sempre muito lamentosos pela imobilidade dos estudantes até que um estudante de contabilidade e ciências sociais pesquisador do movimento estudantil falou da mesa que no passado, os estudantes paravam as aulas no campus pedindo ônibus e segurança. Sugeriu então que fizéssemos o nosso papel histórico de defesa da universidade pública.
Naquela época, 1995 o ano, a presidência do DCE era muito iniciante e a maioria dos seus membros se identificava como independente políticamente.
Após a fala de uma estudante de Letras, e a pressão do pequeno grupo que assistia a plenária, o estudante de Ciências sociais Raimundo Pontes Filho que usava uma pasta presidencial (eita!) como bolsa de estudante, levantou da cadeira e empurrado pela plenária, conduziu os estudantes pelas salas de aula do minicampus, conversando com cada professor e convidando os estudantes para a manifestação a frente do campus.
De repente os corredores foram enchendo de alunos com o gingle "Você aí parado vai ser privatizado". E a dimensão foi tamanha em questão de minutos todo o Campus estava parado e posicionado a frente da entrada principal na avenida Rodrigo Otávio no bairro do Japiim.
A vida não é só feita de Gratidão, aliás isso tem virado um mantra coaching para silenciar e esconder o sofrimento das pessoas.
A vida também é feita de indignação. Afinal, a sociedade avançou no seu sentido de humanidade todas as vezes que questionou sabiamente a ordem vigente. Então, diante das injustiças, dominações e mentiras, indigne-se!
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*Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas UFAM.
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