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| FOTO: M. BECHMAN. AUTOR: CUCUNACA, 2021. |
Por: Mauro Bechman*
Esse papo de torcer por time que não seja de casa, nunca foi a minha vibe.
Desde uns sete anos, nas ruas da Praça 14 de Janeiro e nos campos e quadras do oratório São Domingos Sávio, aprendi a torcer sempre pelos nossos times, os times da nossa rua, do nosso bairro, do nosso Estado. Ainda mais se a disputa fosse contra times de futebol de fora.
Esse negócio de "respeito ao adversário" era coisa de europeu. Quando começava o jogo, nosso time partia pra cima mesmo. Em busca incessante da vitória.
Então, na rua de casa, a molecada via os adultos falarem: "Se for jogar Brasil contra o Arranca Toco, eu sou Arranca Toco" (risos).
Arranca Toco era a expressão que usávamos para chamar aqueles times grossos no trato do futebol porquê alguns campos eram feitos com a derrubada da floresta, então havia aqueles caboclos que chutavam a bola e arrancavam até os tocos das árvores cortadas.
Foi dessa forma, que formamos nossa autoestima e auto confiança. Atualmente, a imprensa amazonense e a do Brasil já está colonizada pela European Bussines Footbal.
Nossa crônica esportiva, ainda mais as das tevês por assinatura, uma banca de oferecer os jovens talentos para clubes europeus.
Depois desdenham do futebol brasileiro, uma vergonha. O sentimento de vira-latas ao seu extremo, como bem havia previsto o dramaturgo Nelson Rodrigues.
Esqueceram a Geografia, que os europeus nunca aceitaram direito que países subdesenvolvidos fossem pentacampeões mundiais de ludopedio.
Por isso, sou feliz torcendo pelo time da casa e sempre serei Arranca Toco Futebol Clube!
O resto é colonização e deslumbre.
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*Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas UFAM.
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