| Foto: Mão. Autor: Geóg. M. Bechman, 2013. |
Nos últimos dias assistimos a uma série de protestos no Brasil cujo estopim fora o aumento das tarifas de passagens em ônibus coletivos. A origem dos protestos, embora a imprensa do sudeste, fale em São Paulo, em nossa visão, esse pioneirismo pode ser atribuído a Goiânia cujos protestos foram violentos e em que foram presos alguns manifestantes. Mas, essência não é aparência.
As manifestações nas ruas e praças do Brasil podem ser analisadas sob diversos prismas dentre os quais podemos citar o do papel do Estado ante este novo tempo em que os meios como a internet fazem parte do cotidiano das pessoas e dos reais motivos que levaram as classes ascendentes ás ruas nestes dias.
O papel do Estado no enfrentamento das questões sociais precisa ser revisto a partir de uma revisão sobre a institucionalidade dos movimentos sociais. O que significa que a burocratização dos movimentos sociais com a criação de secretarias especiais e a própria desidentificação dos partidos políticos que tiveram origem nestes movimentos geraram um afastamento das lutas e anseios das parcelas excluídas da sociedade. Embora, as políticas públicas do Estado vêm sendo pautadas por uma ampla e maior inclusão de setores sociais alienados do consumo.
Neste sentido, a classe política do Brasil, precisa rever sua forma de lidar com este novo tempo e uma destas revisões está ligada a forma de como o aparelho de estado (polícia) enfrenta os protestos num regime liberal democrático, pois mesmo sob um governo de origem popular, continua agindo de forma a "criminalizar os movimentos sociais" como se estivesse num regime autoritário, apesar da real necessidade e relevância de suas reivindicações.
Noutro ponto, as "Alianças para a governabilidade" vêm sendo desgastadas a cada eleição, pois partidos políticos até ideologicamente distantes aliam-se de acordo com interesses econômicos e conveniência política, revelando uma falta de identidade política dos seus membros. Isto posto, os reflexos passam a conjecturar o cenário político brasileiro com a imobilidade do governo nas ações de combate a corrupção parlamentar, o que preservou o grupo dos mensaleiros, fortaleceu José Sarney no Senado e permitiu a eleição de Renan Calheiros, além de tolerar a presença na Secretaria de Direitos Humanos do deputado Marcos Feliciano - o que selou claramente o afastamento do governo dos movimentos populares de auto-afirmação, além da falta de transparência e eqüilibrio nos gastos para a realização da Copa do Mundo de Futebol, enquanto os serviços públicos ficam precarizados.
Neste sentido, a impunidade e a falta de combatividade a alianças políticas inapropriadas gera um estado de tensão popular e que atinge diretamente a setores da classe média brasileira que vem ficando mais robusta com a "ascensão social" advinda nos últimos governos.
Mas, sempre é bom ver o povo nas ruas. É sempre um sinal de mudança de rumo, de tempo, de que o espaço das ruas e das praças também é do povo.
Saudações Geográficas!
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