A GEOGRAFIA DO PAPA FRANCISCO

FOTO: CARTA ENCÍCLICA LAUDATO SÍ. 2015. AUTOR: CUCUNACA, 2015.

Louvado Sejas meu senhor!

A encíclica papal Laudato si, publicada em 2015 pelo primeiro papa latino americano, Mário Bergólio, chamado Francisco, é um documento importante que insere a Igreja definitivamente nas questões da contemporaneidade. Mesmo, sabendo que a religiosidade por si só traz uma preocupação com a criação. É uma encíclica com muitos recursos a ciência, característica do universalismo cristão católico. 

Há o chamado a uma Ecologia Integral, onde não haja a separação entre sociedade e natureza, uma dicotomia que custou caro a humanidade. Na diversidade de temas e contextos, nossas palavras verberarão sobre o eixo da Geografia em suas facetas presentes na leitura de Francisco. Assim, podemos tecer alguns comentários um pouco mais delimitados.

As paisagens como obra do Criador, contempladas em beleza e a compreensão das águas como patrimônio de todos. Na encíclica Francisco cita a diversidade de paisagens naturais como os oceanos, as florestas, a Amazônia.

A encíclica trata do meio ambiente. O sumo pontífice estabelece uma leitura doravante acintosa sobre a relação campo-cidade. Inicialmente, destacamos as condições socioeconômicas da vida humana no campo, afetada pela desigualdade no acesso a terra por parte das camadas mais numerosas de camponeses. Analisando as condições em que uma urbanização centralizadora e desprovida de humanidade, coloca os seres humanos em condições de moradias subnormais e degradantes, Francisco propõe uma ecologia de integração.

Da mesma forma que medir os danos a natureza apenas a partir do uso de técnicas e tecnologias conformadas as necessidades do mercado, precisam ser reavaliadas estas ações tendo em vista a consolidação de um antropocentrismo prático onde as pessoas e as coisas são desprovidas de vida, sendo apenas consideradas como objetos.

Ergue-se então, uma ode a tecnocracia, elevando o homem a dominação das naturezas (física e humana) sem restrições. A biotecnologia, se insere neste contexto. A proteção ambiental não pode vir somente a partir de cálculos e necessidades financeiras.

A vida nas cidades, onde se trata, que para passar a uma ecologia integral, devemos dar atenção a moradia nas cidades em que as inclusões sejam necessárias. A dicotomia entre espaços de vida em que poucos são privilegiados com o acesso a beleza da natureza em territórios privativos e outros em sua grande maioria desprovidos deste mesmo acesso a beleza das paisagens naturais. 

Francisco reconhece o papel da arquitetura das cidades que incluem pessoas em espaços públicos que unem e promovem o encontro do eu com o outro. Na Geografia de Francisco, o espaço do encontro é o espaço da humanização divina. Assim como viver nas cidades, sem o uso de fontes renováveis de energia e a dificuldade do cotidiano medida pelas condições reais dos transportes, subtraem a qualidade de vida das pessoas juntamente com a poluição visual  e sonora das cidades, por isso chamando ao mundo para a construção de uma ecologia humana do cotidiano.

No campo, as pesquisas sobre os transgênicos, o mercado sobre os alimentos, que podem falsear o criacionismo de Deus, e trazem consequências ainda não claramente definidas pela ciência, cujos saberes das populações tradicionais vão sendo usurpados e instrumentalizados pelo mercado. A  mas media, que afasta e transforma as relações pessoais no campo, a perda da identidade com as inovações que transformam seu cotidiano, o trabalho e as suas necessidades.

Conforme o papel de cada papa - o de estabelecer pontes -, as religiões, juntamente com  a ciência, a transparência no processo decisório, o diálogo entre o local e o global, contextos e atores são chamados a cuidarem da nossa casa comum.

Neste sentido, a Geografia de Francisco insere-se uma preocupação disposta na forma da integração ecológica da vida e dos espaços, numa perfeita complementaridade e com isso, convida aos cristãos a uma conversão ecológica.

Um texto empolgante, vivo, denso e de alerta para as presentes gerações. A Geografia do Papa Francisco presente em Laudato Si é apenas uma notação a extensão dos temas e preocupações da Igreja Católica com este tempo. Espero ter sido fiel à leitura e ao caminho proposto pelo papa nesta carta encíclica, pois deste documento, pode-se se extrair leituras sobre as óticas de outras ciências e saberes. Por hora, vos convido a refletir sobre as palavras de Francisco.

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