MANAUS APÓS A COPA DO MUNDO E AS OLIMPÍADAS

FOTO: ARENA DA AMAZÔNIA  VIVALDO LIMA. AUTOR: CUCUNACA,2016.
Em 2014 Manaus foi uma das subsedes da Copa do Mundo de Futebol da FIFA e num esforço gigantesco para vencer seus concorrentes na região, empresários e governo estadual iniciaram uma campanha para alcançar este objetivo. Ainda sob a indefinição das subsedes, foram feitas "verdadeiras caravanas" para os eventos da FIFA no objetivo de apresentar a cidade como candidata, seguidas por visitas do comitê da maior entidade de futebol do Mundo às cidades candidatas. Manaus, então conseguiu ser anunciada como subsede o que deu inicio a um processo duro de construção da Arena Amazônia Vivaldo Lima e claro, anteriormente a demolição do premiado estádio Vivaldo Lima, o "Colosso do Norte" concepção e traço do arquiteto Severiano Mário Porto. Esta demolição ocorreu sob protestos de grupos de intelectuais e futebolistas, pois se tinha um estádio ainda muito bem conservado e belo. Claro, sob este aspecto, há que se ressaltar que a Imprensa Local (rádios, jornais e tevês) colonizada foi a favor da demolição. Foram realizados quatro jogos na Arena Amazônia e dentre um destes, o famoso Itália 2 x 1 Inglaterra que é um dos jogos mais importantes da História das copas.

Nas obras urbanas, foram colocados os novos ônibus articulados e feito reformas no chamado "Quadrilátero da Copa" no sentido de melhorias na acessibilidade. Manaus foi uma das subsedes mais criticadas pelos jornalistas e pela imprensa hegemônica do país, localizada no sudeste e suas repetidoras globais que duramente "descredenciavam" Manaus como subsede. Um ambiente terrível na mídia hegemônica com sua campanha para derrubada do governo brasileiro Dilma Rousseff (PT) com o slogam "Não vai ter copa" e com o apoio e incentivo das chamadas "redes sociais". A mídia hegemônica trabalhou intensivamente para a desconfiguração deste evento e claro, suas expressões nativas, como a imprensa amazonense replicou suas mensagens.

As obras da Arena eram questionadas e monitoradas de forma negativa a cada percentual de obra concluída. Manaus, de acordo com pesquisa feita pela FIFA foi a segunda melhor subsede da Copa e cerca de 92% dos 60 mil turistas que passaram pela cidade declararam poder voltar á cidade. Especialmente, lembro das obras nas noites quentes na avenida Djalma Batista,trânsito lento e obras aceleradas. Destas incisões, o belo legado foram as árvores urbanas em canteiros centrais na avenida, que resistiram aos ventos e hoje florescem dando mais vida àquele trecho da avenida. Na iniciativa privada, hotéis internacionais e nacionais foram erguidos e repaginados e tiveram sua taxa de ocupação esgotada durante o evento.

FOTO: JOGO JAPÃO X COLÔMBIA. 2016. AUTOR: CUCUNACA, 2016.
Com as instalações preparadas, Manaus foi candidata para subsede das Olimpíadas do Rio 2016,conseguiu mais uma vez ser credenciada. Já por ocasião da Copa do Mundo de Futebol em 2014, a procura por Manaus na internet chegou a mais de um milhão de acessos e cidade foi se confirmando com a metrópole da Amazônia junto ao imaginário mundial. Diferente do cenário "construído" durante a Copa do Mundo com uma campanha aberta e total dos meios de comunicação empresariais hegemônicos contra a permanência da governanta federal do PT na presidência da república mascarando pelos gritos de "não vai ter copa", houve uma certa indiferença da grande mídia pois já haviam alcançado parcialmente seu objetivo com o vergonhoso espetáculo dantesco de "processo de impedimento" deflagrado no congresso nacional do Brasil contra a presidenta dos 54 milhões de votos Dilma Rousseff,o que indignou setores da imprensa internacional, caracterizando o acontecimento como "Golpe parlamentar". Manaus, então passou a se preparar e ás vésperas da abertura das Olimpíadas para este evento.

A cidade de Manaus voltou então ao noticiário nacional com a deflagração de uma operação chamada "Operação hashtec" deflagrada pela Polícia Federal, comandada por forças internacionais, em que prendeu um amazonense suspeito de terrorismo que havia trabalhado no Centro de Operações de Segurança e no IBGE.

O público presente aos jogos do futebol na Arena Amazônia durante as Olimpíadas era majoritariamente de brasileiros diferente da Copa que presenciamos ter mais estrangeiros e extrarregionais. Mais uma vez, a cidade de Manaus consolidou sua imagem de Metrópole da Amazônia fechando sua participação junto ao Brasil na realização deste eventos globais. Para os mais inteligentes, estes hão de compreender que os nativos de Manaus e do Amazonas tornaram-se protagonistas de uma História Global do Capitalismo, manifestados nestes eventos. Embora, ainda reine em nossa elite socioeconômica o modelo mental de subserviência como uma expressão da mentalidade da elite nacional o de se ver sempre como um "Vira-latas" e estender esta visão ao povo brasileiro numa atitude auto-depreciativa.

Além do legado material deixado por estes eventos mundiais, há um legado intangível de potencialização da nossa capacidade realizadora e em seu aspecto negativo, a linguagem da mídia hegemônica replicada pelas repetidoras locais, com suas narrativas "novelísticas" intencionais da vida e da abordagem que se deseja alcançar e de um vocabulário marcado pela "brutalização" da palavra e no reforço da militarização do cotidiano da sociedade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário