| FOTO: TELEFONE CELULAR. AUTOR: GEÓG. M. BECHMAN, 2013. |
Analisando os últimos acontecimentos que levaram importantes parcelas da população brasileira ás ruas nos últimos dias e no diálogo com os "rostos" presentes nas manifestações, nos desafiamos a colocar á discussão alguns pontos para uma "pretensiosa" interpretação do cenário atual.
Nosso ponto de partida basilar é o significado do poder de mobilização das chamadas "redes sociais", algo que vem se materializando desde as manifestações que sacudiram alguns países africanos e árabes episódio errôneamente divulgado como "Primavera árabe" em alusão á "Primavera dos Povos" ocorrida no inicio do século XX na Europa ocidental e até os Estados Unidos com a campanha "Ocupem Wall Street". Contudo, há que se ressaltar, a agilidade no processo de comunicação e mobilização potencializada por este canal, mesmo em se tratando, de um instrumento privado e não público, como as redes sociais.
| FOTO: MANIFESTANTE EM MANAUS. AUTOR: GEÓG. M. BECHMAN, 2013. |
A agilidade com que a mobilização se materializa, obedece a uma lógica bastante conhecida por todo o pensamento crítico do ocidente. A velocidade no tempo das informações e afirmações difundidas pelas redes sociais nos revela uma particularidade de aproximação entre as exigências de rapidez nas relações sociais materiais e difusão instantânea da expressão da fala humana sob a forma de "ordem" ao cérebro. O modo de produção capitalista sempre estimulou a redução do tempo-espaço, pois "Tempo é Dinheiro" e frases curtas são objetos importantes para a impressão das marcas e produtos na mente humana, cerceando o espaço da análise.
Os hashtags tem esta característica. São ordens emitidas ao pensamento, como o consumo de um determinado produto ou serviço. Sem maior elaboração tem seu alvo alcançado com precisão em meio a uma nuvem de outros slogans que disputam espaço em nossas mentes como "Beba Coca-cola", "Ligue Agora", "Volto já". Desse modo, possuem um enorme poder de mobilização. E, isso se concretizou a partir das frases-ordens: "#ogiganteacordou" "#vemprarua" "#soubrasileiro" e outros mais. Sem análises mais elaboradas, os hashtags vão formando alcançando seus objetivos.
No calor das ruas e das praças, quando indagados sobre os motivos que levavam algumas pessoas (até formadas em nível superior) a irem as manifestações, os mais jovens respondiam que era pela "Revolução" e quando ainda indagados sobre o que seria conceitualmente uma "Revolução" revelavam um completo desconhecimento do termo e de seu simbolismo histórico e socioeconômico e geográfico. Da mesma forma que desconheciam o significado sociológico dos termos como: luta de classes e anarquia.
Contudo, os efeitos da "Revolução Hashtag" ainda estão sendo debatidos por intelectuais e cientistas sociais. Na verdade, seus resultados são expressivamente claros aos nossos olhos.
A necessidade de uma adequação dos "modelos mentais" usados para analisar os movimentos sociais. As manifestações finalmente levaram o Brasil ao século XXI, com a fragilização da representatividade política-partidária. Há a necessidade clara de uma reforma política com participação direta popular. O papel das instituições está sendo repensado numa busca frenética para se dar conta deste novo momento. A tecnologia como meio de gerar uma nova perspectiva na Democracia, a partir de uma liquidez maior em que o cidadão opine, debata e decida sobre os grandes temas que envolvem seu cotidiano, além de que com as manifestações o virtual está cada vez mais confundindo-se com o real, quando os internautas passaram a pousar neste nosso planeta tão primitivo quanto real, chamado Terra.
#Saudaçõesgeográficas!
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