| FOTO: TORCIDA SUÍÇA EM MANAUS. AUTOR: M. BECHMAN, 2014. |
A realização da Copa do Mundo de futebol no Amazonas e na Amazônia possibilitou uma nova regionalização do Brasil em que as forças atuantes resultaram numa nova configuração do espaço brasileiro e recomposição do imaginário internacional sobre o Brasil e sobre a Amazônia.
Neste sentido, as forças atuantes nacionais e seu patrimonialismo que sempre relegaram a participação das regiões brasileiras como o Nordeste e a Região Norte a um papel secundário na definição dos destinos políticos nacionais, tiveram talvez um dos maiores revés. Posto isto, cabe a nós pontuar alguns itens:
1. A enorme concentração política focada na região centro sul e no eixo Rio de Janeiro-São Paulo como metrópoles nacionais, sempre enaltecendo-se a representar o Brasil e a identidade nacional, seja no campo da economia, da história das idéias e ou no campo da cultura.
2. A História da marginalização da cultura das regiões pelas metrópoles nacionais, durante pelo menos trezentos anos, promoveu a divulgação massiva de uma imagem míope sobre a sociedade e o espaço brasileiro, uma vez que, imagens replicadas via produção literária passando pelos meios de comunicação de massa como a televisão e a internet, encontravam-se eivadas de pré-conceitos e preconceitos, além da aliança com uma postura fantasiosa que contaminava o imaginário dos brasileiros sobre seu próprio povo e seu território.
3. A força civilizatória como um processo dinâmico do capitalismo mundial interferiu novamente neste processo de reordenamento da hierarquia dos lugares no espaço nacional, aí reside o fato de Manaus ser escolhida como sede da Copa da FIFA, gerando um estarrecimento da elite socioeconômica do Brasil concentrada na região centro-sul do país.
Claro está que são pontos de partida para muitas análises do espaço geográfico nesta nova contemporaneidade brasileira no século XXI, dai ressaltarmos o fato de serem apenas apontamentos que merecem uma apreciação mais detalhada.
Quanto a formação da identidade nacional, para o mundo a partir do século XX, este país continente era representado iconograficamente pela cultura e história escrita pelo eixo Rio-São Paulo, deslegando a primazia e o protagonismo dos ventos modernizantes gerados a partir de outros eixos como Recife, Terezinha e até negando a força geo-histórica de Manaus no século XIX como motora da economia brasileira, com a borracha.
A História da marginalização da cultura das outras regiões brasileiras se coaduna com o desenvolvimento concentrado na região centro-sul do Brasil fazendo surgir a partir de uma dinâmica centralizadora e conservadora empresas da media que passam a fornecer uma imagem do país de acordo com os interesses das elites e dos nacionais localizados numa parcela do território, produzindo assim exatamente uma geografia do Brasil de acordo com o imaginário gerado pela ignorância e o próprio desconhecimento do país, perfazendo um caminho colonizatório advindo de uma lógica de expansão do modo de produção capitalista e do povoamento ocidental das regiões costeiras, ignorando painéis e realidades regionais diversas, construídas em diferentes feições sejam naturais e ou socioculturais.
A FIFA enquanto entidade global propõe a realização da XX Copa do Mundo de Futebol em 12 cidades-sedes no continental Brasil, sendo que o debate no seu interior é o de que deveria se ter uma sede na Amazônia de modo que todas as regiões brasileiras fossem contempladas, para a ira de alguns dirigentes europeus e da elite nacional que produzem críticas fortíssimas contra esta escolha, que se seguiram por uma aversão e explosão de vestimos preconceituosos contra a escolha de Manaus, que vão desde o clima até a ausência de clubes de futebol – o que sabemos inverídico!
Superado este fato, Manaus foi escolhida pela FIFA como uma das melhores sedes e as outras sedes fora do eixo centro-sul do país receberam destaque em todos os pontos apostados pela entidade, superando as expectativas. Embora, não se comente largamente na imprensa nacional do sudeste, mas a verdade é que as metrópoles deixaram muito a desejar seja do ponto de vista da construção de suas arenas destinadas aos jogos, seja pelo clima de pessimismo amplamente massificado pela media nacional, tendo em vista o processo político eleitoral do ano de 2014.
No plano da arquitetura da paisagem, a arena São Paulo, ficou muito distante da arquitetura inovadora da Arena das Dunas e da Arena da Amazônia Vivaldo Lima, revelando a negligência com o evento e a imagem da vanguarda metropolitana, que não conseguiu se manifestar em nível mundial.
Contrariamente, Manaus marcou dois pontos importantes: o primeiro de se consolidar enquanto metrópole regional e agora imagética da região destacando-se com centro da geoeconomia regional e do imaginário mundial sobre a Amazônia.
Outro ponto, as críticas ferrenhas se mostraram apenas resquícios de uma ciumeira desvelada contra a região amazônica muitas vezes inventada pela media nacional e alimentada pela imprensa local colonizada. Internamente, a FIFA conseguiu se provar poder englobar um país da dimensão do Brasil e de marcar a paisagem urbana amazônica. Feito este, realizado outrora, somente com a edificação do Teatro Amazonas, além de despertar o orgulho adormecido dos manauaras e amazonenses, além de sepultar as críticas mais ferozes a realização de uma Copa num país tropical e tão vasto como o Brasil.
Outro ponto, as críticas ferrenhas se mostraram apenas resquícios de uma ciumeira desvelada contra a região amazônica muitas vezes inventada pela media nacional e alimentada pela imprensa local colonizada. Internamente, a FIFA conseguiu se provar poder englobar um país da dimensão do Brasil e de marcar a paisagem urbana amazônica. Feito este, realizado outrora, somente com a edificação do Teatro Amazonas, além de despertar o orgulho adormecido dos manauaras e amazonenses, além de sepultar as críticas mais ferozes a realização de uma Copa num país tropical e tão vasto como o Brasil.
A importância deste evento, a Copa do Mundo de Futebol da FIFA, certamente alterou a percepção de Brasil e da Amazônia e do Amazonas para o Mundo, mesmo porque além dos torcedores que estiveram no nordeste, centro-oeste e em Manaus conseguiram ver e vivenciar o tamanho do Brasil, enquanto território, cultura e diversidade de paisagens, distante da imagem fomentada pela media nacional que referenciava o Brasil apenas a partir da iconografia do Rio de Janeiro e São Paulo, construindo assim, um novo imaginário sobre este país em que as elites proprietárias dos meios de comunicação de massa não podem e nem devem ignorar neste momento: o de uma nova Geografia para o Brasil.
Saudações Amazonenses!
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