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SAINDO PELAS RUAS DE MANAUS


FOTO: ARTE-TELHA, SUMIDADE.
 AUTOR: CUCUNACA, 2020.

Por: Mauro Bechman*

E de repente da sala fechada, o velho monstro desperta de um coração jovem na idade da lucidez. O boicote dos tolos diante do brilho da estrela semi nova que estréia contra a escuridão e a sujeira das ruas.

Num estrondoso grunido, a fera de barbas sai do tempo/espaço atirando lixeiras no asfalto enquanto atônitos os guardas da cachoeirinha recuam atemorizados com suas fardas alinhadas e insgnias brilhantes. 

O Monstro coração anda com suas calças surradas pelas lutas do dia a dia apedreja a Drogaria que vende drogas e sem perceber apaixona a morena dos cabelos lisos e longos que tudo observa da janela do terceiro andar do velho condomínio dos imigrantes. Em músculos invade a padaria Santa Cecília e distribui aos falidos do sistema internacional pães e brioches e as crianças da Vila Mamão aderem ao coração insurgente, com seus patinetes de madeira e tamancos de lata seguem em uma multidão sem fim, o quase herói da cidade morena.

A velha cidade decadente com seus cabelos raros e grisalhos azulados vê seus dias de oligarca chegarem ao fim.

E, sobre as ruínas do Vivaldo Lima, o coração feroz convoca os deserdados da urbe caótica.

E ele segue pelas avenidas colonizadas ousando destruir tudo que não seja a tradução da vida. Já seguido por milhões de crianças aos olhos dos bons avós, o coração razão, vai distribuindo gratitude em forma de frutas-pães ao sorriso contemplativo de Naruna e da flauta de Jurupari. 

E assim, se demole a escravidão e se ergue a cidade cosmopolita dos Barés, morena, quente, mãe dos Deuses.


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*Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas UFAM.

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