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| FOTO: PROF.ME. M. BECHMAN, 2021. AUTORA: DESCONHECIDA, 2021. |
Por: Mauro Bechman*
Nesta segunda-feira (09/08) por volta das 09h30, conseguimos chegar à segunda dose da vacina para a imunização em duas etapas contra a Pandemia causada pelo Sars Cov-2. Exatamente após 569.000 mortes de brasileiros, a vacinação chegou aos educadores da rede pública do Amazonas.
O Estado do Amazonas até agora (15/08) contribuiu com 13.625 mil óbitos para esta tragédia mundial e brasileira, sendo que mais de 300 profissionais da educação perderam a vida, dentre professores, técnicos, seguranças, cozinheiras e outros. Uma estatística cuja precisão também nos foi negada.
De 2019, lembro do horror que eram as imagens, algumas falsas que chegavam da Ásia via redes sociais privadas, também os dias sombrios que ia ao trabalho sob grande temor, mesmo porque na volta, não tínhamos a certeza de que estávamos infectados. O anúncio do primeiro caso em Manaus, baixou mais ainda o moral, já combalido. Evitamos fazer estoques de máscaras e álcool em gel e quando houve a explosão de casos e internações, corri para comprar e não havia disponível. Um certo desespero.
Em casa, manter uma rígida disciplina de higienização diária, desde a entrada á saída da casa. Ir ao supermercado, somente nos dias e horários de sol. Enquanto isso, nas ruas o silêncio e o abandono das vias com o mato crescendo por todas as partes.
No exercício das atividades em 2020, as aulas remotas em homeofice, cuja metodologia tivemos que inventar para não tornar as aula previsíveis e monótonas, metologia que cremos, mesmo sendo despedidos da faculdade, fora usada por esta mesma instituição e replicada a outros mestres. Nesse tempo, o computador e o mobiliário de um quase escritório pré montado em casa eram o espaço de trabalho. Nas redes, a amizade de quem jamais aguardava ter.
Partilhas sinceras com colegas como o administrador Wandelei Pires, a ex-aluna de Arquitetura, Karla e as colegas de Geografia, professoras Graça Medeiros e Ivete Belém nos mantinha a saúde da mente.
O espiritual partilhado com a Coordenadora da pastoral da Comunicação da Arquidiocese de Manaus, a relações públicas, Adriana Ribeiro foram em muito valiosas para que o tempo fosse vivido de forma espiritualizada e com o alimento de fortaleza.
Certa vez, lembro que liguei para a Adriana perguntando sobre as transmissões das celebrações litúrgicas em que o risco de nossa equipe de pastoral ser contaminada, ela com sua lucidez e forte fé me disse: O que fazer? Alguns de nossos irmãos e irmãs pedem para parar as transmissões e outros irmãos e irmãs apenas desejam assistir uma missa para se despedirem em paz? Meu Deus!!!
Naquela breve conversa, a força para manter as transmissões, mesmo sob grande risco e a fé em Deus que ninguém da equipe seria contaminado. Ali, vi a importância da pastoral da comunicação, quando colocamos nossas vidas, a serviço das comunidades. Também não foi fácil, ouvir as missas pela rádio Riomar e ver a enorme lista de cristãos e cristãs que partiram durante estes dias.
Sou extremamente grato a estes amigos e amigas que partilharam estes dias. Aliás, escrevemos esta postagem para reconhecer que todo este cenário e as nossas limitações não foram impedimento para que pudéssemos somar e nos estender os braços.
Durante toda a Pandemia, sempre fomos a favor do Lockdown, da testagem em massa e das vacinas. Sempre.
Sabia que o mundo e a vida não seria mais os mesmos após 2019. Não estamos livres da Pandemia, pois no Amazonas ainda cerca de 400 pessoas são registradas como novos casos, fora as que contraem e não entram para as estatísticas oficiais. O vírus ainda circula, como também a ignorância, o negacionismo, o diversionismo e o relativismo diante das certezas da ciência somados a desumanidade e incompetência das três esferas da gestão da república.
Estamos vivos.
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*Mestre em Sociedade e Cultura pela Universidade Federal do Amazonas. UFAM (1909).

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