FOTO: GRES. BALAKU BLAKU. BATERIA. AUTOR: GEÓG. M. BECHMAN, 2013. |
No desfile de 2013, no Centro de Convenções do Amazonas em Manaus, assistimos a uma beleza exibição da competência dos sambistas manauaras, seja pela capacidade técnica de organizar um desfile em pouco menos de três meses e mobilizar cerca de 170 mil pessoas, seja ante o minúsculo investimento nesta festa popular manauara.
A despeito destas dificuldades, gostaríamos de pincelar algumas linhas sobre o momento do desfile e o seu fechamento com a apuração. Inicialmente podemos apontar a falta de compromisso da imprensa local em divulgar o evento ficando a cargo de uma emissora iniciante de televisão e pelo rádio como uma emissora "viciada" em favorecer uma ou outra agremiação. Mas, as pessoas realmente sambistas sabem muito bem discernir um bom desfile de um desfile fraco e sem expressividade.
Se por um lado, temos uma imprensa fraca na divulgação desta festa popular que mobiliza cerca de 170 mil pessoas, fora ouvintes e telespectadores, temos também uma forte amadorismo nos julgamentos. A formação das equipes de jurados parece deixar a desejar seja pela competência limitada, seja por julgar baseada em critérios do "senso comum" como a "Beleza" de uma ou outra escola.
FOTO: CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA BANDEIRA. AUTOR: GEÓG. M. BECHMAN, 2013. |
Aprofundamos isto e verificamos o quanto fora negligente a nota de um dos quesitos para a Escola campeã em 2013, estávamos com nossas lentes e ouvidos antenados no desfile, na arquibancada da Unidos do Alvorada e dali registramos a dificuldade dos casais de mestre-sala e porta-bandeira em se exibirem para os jurados. Na nossa frente presenciamos dois casais de mestre-sala e porta-bandeira passarem da linha de apresentação para os jurados - coisa que nunca havia testemunhado! Pensamos que a nota seria baixa após o julgamento tendo em vista o erro grave da harmonia ligada á escola e aguardamos a abertura da apuração e para nossa surpresa, o casal alcançou a nota 10,00 em todos os jurados!
Ao nosso ver, essa postura de julgamento, está ligada a beleza da escola, sem se prender a elementos técnicos, com o bailado, o enredo, fantasia adequada ao enredo, a melodia da bateria, a harmonia e o samba. Pensamos que tecnicamente não houve julgamento, e se houve, foi por puro senso comum, ou seja, votaremos na escola que estiver mais bonita. Tudo ainda muito triste e longe de um evento tradicional e de reconhecimento nacional como é o desfile das escolas de samba de Manaus.
Nos quesitos fantasia, ainda se acredita que uma "Escola de samba com seus integrantes vestidos dos pés a cabeça" é sinônimo de fantasia nota 10,0. Que massada! Uma fantasia deve está relacionada e harmonizada ao enredo e não simplesmente por estar completamente coberta ser a merecedora de nota máxima. Imaginem os senhores e senhoras, cujo tema da fantasia é índio da Amazônia, virem fantasiados com falsa pele de índios só para mostrar aos jurados que suas fantasias estão completas!
Por isso, acreditamos que temos que apreender o processo e no processo, desde a forma de comentar, transmitir e até mesmo julgar com seriedade e mérito os quesitos apresentados com tanta alegria pelos sambistas amazonenses, para que a festa seja de todos e para que não sobre tantas pontas a fim de até macular o belíssimo espetáculo popular que as escolas de samba de Manaus nos proporciona todos os anos.
Saudações Geográficas!
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