Header Ads Widget

header ads

AMAZONAS: AMAZÔNIAS

FOTO: PAVILHÃO AMAZONENSE. AUTOR: CUCUNACA, 2014.

Nesta postagem, buscarei falar do gigante que há em mim, num formato livre para que possamos entender o amor que nutrimos pelo lugar em que nascemos e cuja história e geografia só poderiam nos orgulhar. Neste sentido, este texto será um texto sentimental em que pesa a visão do geógrafo e o sentimento do cidadão.

AMAZONAS - O GIGANTE DO NORTE

O fascinio que tem-se a descrever o Amazonas em suas espacialidades expostas e intrisecas, por si só já nos conduzem a um mistério de reinvenção constante de sua história, de sua cultura e de sua geografia.
Do meu tempo de criança, sempre dinâmico, aprendi a desenhar barcos regionais na escola primária Santa Luzia, cujas simbologias sempre traziam a idéia de nacionalidade brasileira e da bandeira do Amazonas. Era a década de 1980 e os nossos clubes de futebol ainda lotavam os estádios da Colina e o Vivaldão. O Nome dos clubes eram efetivamente diferentes, como o Rio Negro cujas cores são preto e branco e o Nacional de cores azul e branco. Esta feita uma das rivalidades mais importantes do futebol do Norte, o clássico RIONAL. Nos domingos de clássico, pela manhã, não se falava outra coisa senão o clássico. No almoço, o tambaqui na brasa com tucupi e farinha do uareni e vinho de bacaba e açai, e para o mais velhos é claro, cervejas e caipinhas. Não poderia faltar o som de Chico da Silva que sempre fez músicas de sucesso.
Mas, o Amazonas ainda se manifestava em mim na vida simples dos meus pais, vindos de Itacoatiara para iniciar uma vida nova com a chegada da Zona Franca em 1967. Traziam consigo, seus remédios, seus costumes, suas histórias. Raramente íamos ao médico, pois os remédios eram feitos em casa, pois nos quintais criavam-se galinhas, patos, porcos e os canteiros possuiam plantas medicinais e a ritualização sempre caracteristica de um povo cuja existência estava intrissecamente ligada a natureza.
O boi bumbá que conheci e amei ainda existe nas periferias de Manaus, metamorfeando-se para sobreviver nos tempos atuais. A dança do cacetinho, meu Deus, que riqueza com sua encenação e drama, uma luta pelo amor de uma índia, entre irmãos! Sentia que tudo isto era o Amazonas.
No governo militar de José Lindoso, fizeram-se programas para divulgar a cultura do Amazonas nos álbuns de figurinhas que davam prêmios em troca de notas fiscais. Nas escolas, o dia 5 de Setembro eram um maravilhoso período de reverência a elevação do Amazonas á categoria de província. Desfiles cívicos davam um brilho especial ao Dia do Amazonas com as escolas públicas e privadas expondo garbosamente o orgulho de ser amazonense.
Do Amazonas que habita em mim, tenho carinho exponencial pelo Rio Amazonas, este imperador da Amazônia, cheio de lendas, ritos e história. O Rio Amazonas do Encontro das Águas em que habita o espirito imortal do guerreiro Ajuricaba, que jamais aceitou ser escravo e por isso no encontro das águas negras do Rio Negro com as águas barrentas do Solimões entregou-se á História. Personagens que povoam o Rio Negro ainda hoje nas lendas dos povos da Amazônia que o colonizador exerno e interno faz questão de encobrir.
O Amazonas dos rios, igarapés, furos, cachoeiras, do clima de momarço, quente e úmido, do sorriso moreno dos caboclos e da dança encantadora das caboclas morenas de olhos amendoados. Amazonas dos magestosos buritizeiros que estão destruindo na minha cidade em nome do progresso que apaga minha identidade me transformando em um não-ser.
Amazonas do calor do povo simples que ainda acolhe o aventureiro como "parente" herança das suas muitas nações indígenas. Amazonas de Ajuricaba, de Tabatinga, Itamarati, Tefé, Parintins, dos caboclos brancos de Itacoatiara, do peixe e da farinha de Uarini, de Manacapuru e do Iranduba, dos índios maués, da terra de Maruaga e Comprido que ousaram reagir ao colonizador.
Neste Amazonas que habita em mim, habitam várias amazônias e é tão grande a sua riqueza que dá até vontade de morrer... de viver!

Saudações Amazonenses e Amazônicas!

Postar um comentário

2 Comentários

  1. A Geografia precisa deixar bem claro para a sociedade que essa ciência sempre esteve presente na vida das pessoas desde da Antiguidade, por mais que dispersa, misturada com outras ciências. Se pensa Geografia diuturnamente.

    ResponderExcluir
  2. Somos Amazonenses de paixão. Um amor por essa terra que voçê explicou muitíssimo bem, com uma mistura de culturas indígenas, caboclas e portuguesas, sem contar a contribuíção nordestina. E um bom geógrafo precisa desse ponto de referência...

    ResponderExcluir