FOTO/MOSAICO: MANIFESTAÇÕES POPULARES. AUTOR: CUCUNACA, 2018. |
A GEOGRAFIA DO BRASIL DE LULA
Luiz Inácio da Silva que incorporou ao seu nome de registro, o apelido sindical de Lula, representa muito mais que um nordestino retirante. Migrante, trabalhador urbano, sindicalista, viúvo de uma união com uma empregada doméstica, formado pelos cursos técnicos do Senai e tendo um dedo perdido no torno mecânico. Lula encarnou a cara de um Brasil que luta por inserção social.
A caravana Lula, após algumas derrotas eleitorais para a presidência da república, conseguiu fazer que ele conhecesse os “brasis” pelo chão. Foi o governante que mais visitou o Norte e o Nordeste brasileiros, notoriamente as chamadas “regiões deprimidas” da Geografia de Planejamento dos tecnocratas de inspiração estadunidense. Da mesma forma que foi quem colocou ministros de estado mais ligados ao norte do país no Palácio do Planalto no período de democracia liberal.
Na Cartografia Política do Brasil, a expressividade do pensamento de Antônio Carlos Robert de Moraes em que sugere que há um acordo tácito para a manutenção da integridade do território nacional: Os de cima e os de baixo. Os de cima, representados pelos estados da região norte, nordeste e parte do centro-oeste e os de baixo, a chamada “Região Centro-Sul” na regionalização de Pedro Geiger. Por isso, a presença de alguns ministros nos governos militares também sugeria esse “acordo” e cabe lembrar a gestão e a gerência do conservador nordestino Marco Maciel, um dos vices presidentes mais influentes da História do Brasil em 20 anos, passando do regime militar ao período pré-democrático.
Neste sentido, a Geografia de Lula se concretiza por uma Geografia da Circulação por meios de transporte como o caminhão, os ônibus e a pé. Assim, os “brasis”, de um país continental com geograficidades e historicidades diversificadas foram sendo desvelados pelo sindicalista. Desse modo, o político trabalhista passou a conhecer mais profundamente as regiões brasileiras, cujo povo fora unificado pelo trabalho e pela língua, a língua portuguesa. Em Lula, a compreensão do Brasil se dá pelo chão do Brasil, pelos seus caminhos de rios, serras e ares.
A Economia para Lula não compreende a Geografia, aliás a Geografia lhe basta para a compreensão do Brasil e dos brasileiros e brasileiras. Talvez daí emane sua força política, de uma das poucas figuras na história do Brasil a compreender o Brasil pelo chão. Isso fez surgir, o Lulismo, talvez hoje mais poderoso que o próprio Partido dos Trabalhadores (PT) e tão grande quanto o próprio e humano Lula.
Seu partido vencido nas redes virtuais não representou a derrota do Lulismo que o levou novamente às ruas, ou seja, ao chão do Brasil em uma nova “caravana de ônibus” ignorado pela media empresarial hegemônica. Um lulismo que unifica de gaúchos a amazônicos, de nordestinos a pantaneiros.
Recentemente vem sofrendo desde 2013 um ataque jurídico midiático na literatura jurídica chamada “lawfare” que usa o Direito como arma de perseguição política para a destruição de imagens e personalidades públicas. Lula vem seguindo firme com uma invejável popularidade de cerca de 34% do eleitorado que votaria em nele em 2018 para resolver os impasses advindos de um impeachment sobre Dilma Rousseff (PT) ainda mal compreendido pelo povo brasileiro.
No dia 24, estará em Porto Alegre não somente a pessoa física ou a entidade que o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva representa, estará também a Geografia do Brasil de Lula, uma Geografia de chão e não somente de redes.
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