Header Ads Widget

header ads

LHES BASTA

FOTO: O ARTISTA, 2017. CUCUNACA, 2018.

ISSO LHES BASTA

Alguns amigos dos tempos de juventude reencontrei pelas mídias sociais. Alguns cresceram, outros continuam exatamente onde estavam quando do tempo em que os encontrei: adolescentes ou como uma ex-namorada minha chamava, “adultocentes”. 

Os que cresceram, conseguiram algumas benesses advindos de suas muitas renúncias  e das renúncias ainda maiores de suas famílias, empobrecidas e catolicamente honradas, como também a minha. Quase todos realizaram seus sonhos profissionais ou nos parecem satisfeitos com o “status” de suas condições atuais, mas tudo, também são apenas nossas impressões. A verdade é que estivemos afastados por mais de 20 anos.

Os “adultocentes” estão lá, ainda naquele tempo mágico do passado imperfeito. Riem de tudo, discutem sobre futebol, menos sobre os clubes amazonenses – minha paixão desde aquele tempo, falam de filhos, filhas, mulheres, trabalho e claro, de política . Nos seus sorrisos, ainda vejo, a inocência de outrora. E como todos os meninos são, são também briguentos.

Creio que fomos confinados num mesmo lugar e num mesmo tempo por conta do golpe civil militar de 1964 que levou o Brasil a um retrocesso social e político que durou 26 anos de forma que nos restou partilhar o cotidiano duro, perigoso e mágico daqueles anos oitenta e inicio dos anos noventa. Encontravam-se juntos meninos pobres de famílias de trabalhadores subalternos e filhos de uma classe média decaída, que teve que renunciar momentaneamente seu individualismo.

O demorado reencontro aconteceu em 2016. Num breve convívio virtual, de alguns poucos meses, serviram para que víssemos no que nos tornamos. E nesse mesmo ano, o Golpe Jurídico-parlamentar que afastou uma presidenta honesta Dilma Rousseff do poder, também culminou para o nosso distanciamento. Curiosamente um Golpe de Estado nos havia aglutinado, o de 1964 e agora o de 2016 nos afastara.

O sonho coletivo foi suplantado pelo individualismo. Já não era mais possível a democracia. 

Depois, refletindo sobre tudo isso, lembrei que naqueles idos tempos da juventude, alguns se orgulhavam de ler jornais como a Folha de São Paulo, A Gazeta Mercantil, Revistas como Veja, Isto é, Superinteressante e outras. Então, passei a compreender suas posições políticas, pois para aqueles jovens oriundos de famílias humildes ter acesso e ler esses periódicos, já lhes bastava e agora nestes momentos de definições políticas, ainda lhes basta também. Infelizmente a mim não. Mas, como nos ensina São Francisco  “Amar que ser amado/compreender que ser compreendido”. Com o passar dos anos, algumas pessoas mudam, outras não. 

Postar um comentário

0 Comentários