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A GEOGRAFIA DA SAÚDE E A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS EM MANAUS

FOTO: ESTANTE.
 AUTOR: CUCUNACA, 2019.

Por: Mauro Jeusy Vieira Bechman*

Hoje 13/03, foi anunciado o primeiro caso de infecção respiratória pelo Coronavírus na cidade de Manaus, uma mulher vinda de uma viagem a Londres capital da Inglaterra. Impossível não discutir este tema neste atual momento. 

Lembrando, a manifestação avassaladora de um vírus ainda não propriamente mapeado pela ciência, nos parece cirurgicamente ou estrategicamente caracterizado para atingir crianças e idosos. Uma seletividade quase que diabólica.

No Japão, sede das Olimpíadas, um impasse cruel: suspender as aulas da educação básica e deixar as crianças estarem mais tempo na presença dos avós idosos ou manter o sistema de distanciamento entre crianças e idosos? Na China socialista/capitalista, a dureza em se tratar algo desconhecido tendo que sacrificar a vitalidade de sua pujante economia e pagar um preço muito alto em vidas humanas. Os governos europeus sem muitas respostas ou quando as tem, imprecisas.

Nesta seara toda, lembramos de duas situações, a primeira em 2013 quando da visita do Papa Francisco ao Brasil por ocasião da Jornada da Juventude, o sumo pontífice falou do descarte de idosos e jovens por um mercado que exclui. Na segunda situação, os temores de analistas políticos e econômicos que ás vésperas das eleições presidenciais de 2018, que o cenário dos mercados sofreriam coisas muito ruins num futuro brevíssimo. E hoje, temos este cenário. 

No Brasil, com um governo de extrema-direita, parece ainda viver o deslumbre do acesso ao poder da república e sem respostas necessárias diante da velocidade dos fatos ocupa-se mais em distrair a platéia sempre disposta a gargalhar diante das tragédias alheias televisionadas ou em lives transmitidas por canais de redes sociais privadas.

Em meio a este turbilhão de coisas Manaus a 6a economia do Brasil, teve registrado o seu primeiro caso de Coronavírus. A pandemia chega a cidade dos barés, essa metrópole no meio da Amazônia brasileira, cuja classe dominante orgulha-se do seu pólo industrial que atualmente depende de muitos componentes da China para montar aparelhos eletroeletrônicos num cenário de desindustrialização aguda que gera gigantescas taxas de desemprego, subemprego e subutilização na força de trabalho.

Neste fatídico dia lembramos de um fato interessante. Por volta de 2006, já falávamos em implantar o Curso de Bacharelado em Geografia no antigo Centro Universitário do Norte - Uninorte. Uma das propostas de currículo para o curso, sugerimos a cadeira de Geografia da Saúde.

A proposta vinha ao encontro de uma matriz curricular voltada ao século XXI. Chegamos até a contratar um enfermeiro-geógrafo, ou seria, geógrafo-enfermeiro que na prática assumiria a disciplina quando o curso de bacharelado fosse implantado. Infelizmente, o Projeto de Bacharelado em Geografia sucumbiu diante de uma má vontade administrativa de técnicos que não tinham tato com a educação e a pesquisa. O jovem professor foi melhor aproveitado na área de saúde e por lá ficou até onde tivemos informações.

Exatamente hoje, lembrei disso. Ás vezes, perdemos quando negligenciamos nossas capacidades e nossa visão de futuro. Perdeu a Geografia e quando a Geografia perde, também perde toda uma sociedade. Por vezes ganhamos quando ousamos antever o futuro e nele ver o serviço a humanidade. É disso que se alimentam os sonhos, da necessidade do bem comum e do desejo de contribuir para uma vida melhor neste planeta.

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*Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia e Processos socioculturais pela Universidade Federal do Amazonas. UFAM.

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